Introdução: Na Antiguidade, os povos gregos e romanos mantinham uma pedagogização do jovem calcada em práticas homossexuais entre homens mais velhos e seus aprendizes. Essa cultura mostrou-se inócua ante os valores impostos pelo Cristianismo. A Igreja engendrou, por séculos, uma política perversa que reduz a homossexualidade a uma doença, a uma patologia, a um dos mais horrendos pecados. Essa estigmatização, até os dias atuais, é justificada por princípios arbitrários que apregoam uma sexualidade “pura” e natural, a ser dirigida unicamente para fins reprodutivos. Com o decorrer das eras, os valores judaico-cristãos foram perdendo espaço e, em pleno século XXI, grupos gays reivindicam direitos à adoção, ao casamento formal, ao respeito humano, o que carreia mudanças na composição dos papeis sociais. Objetivo: Alicerçado nos Estudos de Gênero, desenvolvidos no âmbito da Psicologia, esta pesquisa buscou analisar as novas configurações familiares instituídas a partir de vínculos homoafetivos, com vistas a depreender os dispositivos discursivos e sociais que na hodiernidade respondem por sua aceitabilidade ou rejeição, deixando, às escâncaras, os imperativos e contradições de uma sociedade ainda regida por valores heteronormativos. No que se refere ao método, recorremos a uma pesquisa de campo, tipo qualitativa-descritiva, a partir de entrevistas semiestruturadas com 15 casais homoafetivos, residentes na cidade de João Pessoa/PB, das quais extraímos os conceitos que mimetizam a concepção dos sujeitos pesquisados. Os resultados obtidos revelaram que 10 entre 15 casais entrevistados afirmam viver uma relação duradoura, porém não ligada à ideia de um casamento tradicional. Enquanto os 5 casais restantes afirmaram que não há diferença entre um casamento heteronormativo tradicional e um casamento homoafetivo. 09 entre os 15 casais afirmaram que o casamento civil ou a declaração de união estável, colabora com o fim do preconceito e facilita aceitação do casamento homoafetivo por parte da sociedade, 06 casais afirmaram que o casamento civil ou a declaração de união estável descaracteriza a relação homoafetiva, principalmente ao que refere-se aos transexuais. Conclusão: Verificamos que há contradições no que se refere ao conceito de família por partes dos mesmos, porém um ponto em comum apontado na pesquisa é a busca e reconhecimentos dos direitos GLBT, independentemente se relacionados às expressões sexuais ou as identidades de gêneros existentes nas múltiplas faces da sexualidade. Com efeito, surgem novas possibilidades de contato com o outro, novas conjugalidades, novos arranjos familiares e afetivos.