Este trabalho objetiva analisar por via de memoriais como as trajetórias vivenciadas por mulheres ribeirinhas contribuem para a sua atuação como professoras do campo. O contexto da pesquisa se localiza no município de Igarapé-Miri, Nordeste Paraense, onde ocorreu formação de professores interligada ao Programa Escola da Terra, a especialização em Práticas Educativas na Escola do Campo, das Águas e das Florestas da Amazônia Paraense. A partir desta e da atuação como formadora-orientadora, encontrou-se com a riqueza dos memoriais que constituíam/constituem professoras que atuam em escolas do campo. Estes memorias tornaram-se (auto)formativos, pois narram as marcas e os percursos que constroem a identidade, cultura e dimensões pessoal, estudantil, profissional e familiar, bem como memórias que registram especificidades do território amazônico miriense. Assim, o memorial torna-se um arcabouço de aprendizagens e de partilha sobre a vida de quem nasceu, cresceu e vive no campo. O referencial teórico-metodológico se dá numa abordagem qualitativa, com auxílio de autores como Paulo Freire, Thompson, Portelli, Souza e Meyer, utilizando da análise do conteúdo das narrativas. Os resultados denotam que ser professora do contexto rural não se limita a um tempo advindo de certificação de formação nesta área, mas, de uma vida que compreende e olha a sua realidade como processo formativo inacabado. O que apenas enfatiza a defesa de uma formação que considere as especificidades das pessoas e de seus territórios, como a que vem se construindo nos mais de vinte anos da educação do campo.