Este trabalho é o desdobramento de uma dissertação cujo objetivo foi analisar os processos de criação no ato fotográfico por dois fotógrafos com deficiência visual. Nos pautamos na teoria histórico-cultural, em especial, os estudo de L.S. Vigotski, em diálogo com Dubois, para tratarmos do ato fotográfico e colocamos em debate questões acerca da fotografia, da concepção de deficiência e do processo de desenvolvimento humano, além dos processos de criação, da vivência/perejivánie e a educação estética. O entrelaçamento desses conceitos sustenta a ideia de que a fotografia se faz em processo, a partir das relações vividas pelo fotógrafo, e são essas experiências que dão suporte ao sujeito para construir as suas imagens. Neste trabalho, nos debruçaremos sobre as discussões acerca da educação estética e da fotografia como linguagem artística a partir do trabalho de dois fotógrafos com deficiência visual. Foram realizadas duas entrevistas em profundidade de modo a compreender os processos de criação no ato fotográfico dos sujeitos da pesquisa. A partir das reflexões feitas, podemos considerar que a fotografia é concebida em diversas etapas e que a visão é apenas um dos componentes desse fazer e que ela pode ser assumida como uma prática cultural possível para pessoas com deficiência visual. No campo educacional, abrem-se possibilidades do ensinar e aprender a fotografia a partir de uma abordagem do ato fotográfico e da educação estética, demonstrando que o processo desse fazer não se reduz a um produto final, mas se trata de uma construção que leva em consideração as vivências do sujeito, apontando, assim, para propostas de educação pautadas na perspectiva inclusiva, de modo a superar as barreiras que provocam os impedimentos.