Este trabalho se insere no contexto das discussões que envolvem a temática de gênero a partir de um recorte que considera os diferentes tipos de violência aos quais grupos sociais estão submetidos. Seu objetivo foi realizar levantamentos quantitativos e análises qualitativas sobre as notificações de violência contra mulheres no município de Campinas – SP, considerando, sobretudo, os efeitos da pandemia de Covid-19 nas denúncias. Desta maneira, igualmente objetivou compreender como grupos sociais estão submetidos a diversos tipos de violência com base na forma como seus corpos vivenciam a cidade. Metodologicamente, optamos por um estudo utilizando como base de dados as notificações presentes nos sistemas SISNOV/SINAN entre 2015 a 2020 com mulheres de 20 a 59 anos. Por meio dos dados foram elaboradas tabelas, gráficos e mapas que pudessem traduzir a realidade em questão. Dentre os resultados obtidos, apontamos a violência física como o tipo de violência com maior número de notificação, sendo seguida pela violência sexual, com índices elevados em todos os grupos etários e apresentando o cônjuge como principal agressor. Em relação à pandemia, notou-se um decréscimo de notificações no período, o que não necessariamente traduz uma diminuição da violência sofrida. Regionalmente, observamos uma concentração de notificações nas regiões Norte e Leste do município - economicamente mais ricas - e a prevalência de mulheres autodeclaradas brancas como denunciantes. Concluímos que todas as mulheres estão expostas às violências, no entanto, existem grupos que estão mais vulneráveis e grupos com maiores possibilidades de solicitar socorro e de exercer seu direito à cidade.