A partir das décadas de 1970/80, com a maior consolidação de correntes pós-modernas e pós-estruturalistas nas ciências humanas, manifestações artísticas passaram a ser interpretadas como benéficas para a construção do conhecimento juntas da ciência. Para a Geografia, de tradição empirista e realista, essa integração se dá principalmente a partir do cinema, por conta da capacidade desta arte em articular representações do espaço-tempo. Partindo do paradigma da produção do espaço de Lefebvre, argumentamos que o cinema - enquanto representação - é produto e produtor das relações socioespaciais, especialmente em sua dimensão simbólica. Neste contexto, defende-se que as obras cinematográficas são objetos válidos para a interpretação e ensino de conceitos geográficos, aqui nos debruçando nos que tangem os espaços urbanos. Portanto, o objetivo central deste trabalho foi elaborar uma proposição metodológica do processo de ensino-aprendizagem de conceitos e fenômenos associados à urbanização contemporânea a partir do cinema, tendo a análise fílmica como metodologia central. Um plano de aula - elaborado em três atos - foi desenvolvido e aplicado com duas turmas de ensino superior em geografia de uma universidade pública brasileira, em que os alunos foram orientados a selecionar filmes previamente para serem debatidos em sala, em conjunto com outras doze películas escolhidas pelo docente. Os resultados, discutidos a partir da experiência de sala de aula e da atividade entregue posteriormente pelos discentes, apontam para o grande potencial desta abordagem, evidenciado pela qualidade do debate interesse dos alunos e a capacidade de replicação e adaptação da metodologia em outros contextos de docência.