Explorar o espaço urbano em busca de análises mais aprofundadas sobre os processos que originam desigualdades socioespaciais representa um desafio significativo, especialmente para nós, geógrafos. Referenciar elementos que, embora visualmente evidentes, permaneçam invisíveis para a maioria da população, especialmente aquela alienada pelos efeitos nocivos e subalternos do capitalismo, que além de favorecer a intensificação da exploração, amplia a reprodução da riqueza, compõe a complexidade desse esforço analítico. À luz dessa premissa, neste artigo, fundamentado a partir da obra de David Harvey intitulada "As 17 Contradições do Capital", empenhamo-nos em analisar o processo em curso de fragmentação socioespacial em diversas cidades brasileiras. Tomando como referência a política habitacional brasileira que originou o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), examinamos o caso da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, com ênfase na produção da crescente periferização decorrente da expansão dos empreendimentos habitacionais. Essa expansão, paradoxalmente, tem culminado no cumprimento do direito à moradia, mas à custa da banalização de outro direito igualmente fundamental para todo cidadão: o direito à cidade. Este, no entanto, tem provocado transformações socioespaciais desastrosas para os beneficiários do PMCMV, fazendo com que seja amplificado os efeitos do processo de fragmentação socioespacial à medida em que condiciona os moradores desses conjuntos habitacionais a uma exclusão compulsória assim que ocupam tais espaços.