O espaço geográfico, defendido por Santos como objeto de estudo da ciência geográfica, foi definido por ele como um conjunto indissociável, solidário e contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações (SANTOS, 2006). Desse modo as pequenas cidades são parte dessa totalidade que é o espaço geográfico e que podem ser interpretadas como uma realidade que não se produz isoladamente. As feiras livres são objetos geográficos que integram a dinâmica dessas pequenas cidades e podem ser analisadas a partir de um conjunto de conceitos propostos por Santos. O texto em pauta busca operacionalizar esses conceitos criados ou atualizados, considerando feiras livres situadas em diferentes cidades pequenas brasileiras. Para tanto, foi necessário realizar revisão de literatura em livros e artigos escritos por Milton Santos a partir da década de 1980. A esta etapa, acrescenta-se a experiência de trabalho de campo, aplicação de questionário e realização de entrevistas com sujeitos produtores das feiras livres de cidades pequenas localizadas na Bahia, Alagoas e Minas Gerais. De uma maneira geral, considera-se que as feiras estudadas, inserem-se no circuito inferior da economia urbana, possuem elementos do espaço rural, ao mesmo tempo que incorporam práticas comuns em atividades comerciais inseridas no circuito superior da economia, como o uso de máquinas de cartão de crédito, pix, por exemplo. Ou seja, são lugares que conectam as cidades pequenas com comunidades rurais locais, mas também com localidades situadas a milhares de quilômetros.