O espraiamento urbano (do inglês urban sprawl), ou cidade difusa, é um fenômeno que vem se intensificando nas cidades brasileiras nas últimas décadas, vinculado principalmente a fatores como aumento da malha viária e maior poder aquisitivo para obtenção de automóveis. O espraiamento urbano caracteriza-se sobretudo pelo surgimento de novas áreas urbanizadas em regiões distantes do centro das cidades e a autossegregação de camadas mais elevadas da sociedade que, combinado à periferização de segmentos de baixa renda, contribuem para o agravamento das desigualdades socioespaciais e para a falta de acessibilidade à infraestrutura básica. No contexto amazônico, este fenômeno relaciona-se aos grandes empreendimentos que se lançam e alteram a morfologia urbana local. Assim, a presente pesquisa busca analisar os efeitos da instalação de um grande projeto desenvolvimentista, como é o caso da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na forma urbana de Altamira, principalmente quanto a alteração no perímetro da malha urbana, a configuração socioespacial e a eficácia do sistema de saneamento básico, principalmente elencando como esses acontecimentos impactam os distintos grupos socioeconômicos. Para tanto, propôs-se fazer o apanhado documental dos registros da Prefeitura Municipal, assim como revisão bibliográfica de autores relevantes ao tema, além da elaboração de levantamentos cartográficos e dados secundários pertinentes. Os resultados e discussões apontam o aumento exponencial da malha urbana, os processos de descentralização distintos por grupos de renda e a falta de saneamento básico nas zonas periféricas consolidadas após a instalação da UHE Belo Monte, trazendo a reflexão do real desenvolvimento social gerado através do empreendimento.