Em 1951, Max Sorre em seus escritos sobre os fundamentos da geografia humana, afirmou que a existência humana é, principalmente, uma constante batalha contra as condições destrutivas impostas por seu meio. Rachel Carson (1962), nos lembra que a ligação elementar entre tudo o que é vivo e o seu meio é adversa, remete ao próprio nascimento e ao ambiente uterino, ao ar, à água e aos alimentos – embora elementos essenciais à vida –, correspondem em determinadas circunstâncias a vetores de agentes patogênicos. Dessa forma, nossa busca segue o sentido de uma compreensão ainda que parcial e/ou provisória sobre um elemento da ação humana, produto da indústria química, nomeadamente os agrotóxicos. Para tanto, o estudo utiliza abordagem geográfica para examinar a relação entre os conceitos de espaço, agrotóxico e patogenia, com objetivo de sugerir um caminho teórico-conceitual para se trabalhar com a questão dos agrotóxicos na Geografia. Entendemos que a gravidade da questão que abrange a disseminação de resíduos de agrotóxicos e suas consequências diretas e indiretas, imediatas e a longo prazo, exige pensá-la em conexão. Desse modo, dialogamos com autores referências, buscando flexionar os conceitos (espaço, agrotóxico e patogenia) na direção de um alargamento de entendimento. Para tal intento, sugerimos o conceito de espaço patogênico de agrotóxicos, tendo em vista que por seu intermédio é possível avançar na compreensão da onipresença dessas substâncias, tal como revelar seu fundamento antrópico e sua reverberação (no sentido de agressão) nos viventes e em seus meios de vida, isto é no espaço.