O objetivo deste trabalho é apreender os modos como o escritor João Ubaldo Ribeiro concebe os lugares da cidade de Itaparica como cenários das histórias narradas, considerando as representações e as formas de ser e estar no mundo e as suas possibilidades existenciais. Para tanto, serão analisadas as crônicas, “O escritor da cidade” e “Os Comedores de baiacu”, as quais compõem a obra De Itaparica ao Leblon (RIBEIRO, 2011). Suas narrativas sobre lugares, experiências e cotidianos são representações da geograficidade e espacialidade dos nativos e as suas, cujas histórias são ambientadas em Itaparica, município do estado da Bahia, localizado na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos. Assim, ao investigar os modos como o escritor narra o espaço, apresenta os sujeitos e descreve as suas vivências, revelam formas de existir, pois são elaborações literárias compreendidas como escrituras de mundo, englobam histórias de vida e permitem aos leitores ressonância e reflexão sobre os lugares narrados e da própria condição vivente. Desse modo, suas escrituras sobre os lugares vividos e experienciados representam cenários de sua trajetória de vida e simbolizam o ser e estar no mundo, sua geograficidade, sua autoficção, pois Itaparica reflete a sua existência. Portanto, refletir o lugar enquanto circunstancialidade e o mundo em narrativas literárias, simboliza uma aproximação do mais íntimo e significativo mediante a visão do escritor, pois grafa afetividade, pertencimento e alteridade. Essa representação tem sua repercussão nos estudos geográficos e, assim, é pertinente afirmar as potencialidades da interface Geografia e Literatura.