Esta é uma reflexão a partir das escrevivências de um homem negro em trânsito entre Recife e Rio de Janeiro, infância e vida adulta, epistemicídio e re-existência. Seu corpo-território (MONDARDO, 2009; CHAVES, 2021), disputado pelas violências do Estado em seus formatos estéticos-discursivos, políticos e morais, apresenta em narrativas a emergência de uma Geografia Subversiva (SILVA, 2009) preta de quem sobreviveu contra as estatísticas territoriais, temporais e acadêmicas por onde passou. Como ferramenta de luta de uma Geografia Militante (BARTHOLL, 2015), usaremos a partir daqui, a escrita escrevivente como a descrita deste (XAVIER, 2019; CASIMIRO, 2021; REIS, 2021). Achille Mbembe (2018a -2018b), Franz Fanon (2008), Dylan Rodríguez (2017), Fatima Lima e Julia Gambetta (2020) serão fundamentais para endossar o debate sobre as categorias “genocídio” e “necropolítica”, visto que, esses autores realizam importantes reflexões sobre essas categorias e sobre a situação dos africanos e afrodescendentes no mundo. Jota Mombaça (2007) expandirá a noção de morte, assim como também para pensar o sujeito negro e suas experiências no diálogo de existência na sociedade brasileira. Desta forma, esse trabalho terá o seguinte roteiro: reflexão e expansão da noção de vida e morte, ao que tange seus aspectos cosmológicos para questionar a existência do povo negro enquanto vida humana existente no corpo social brasileiro; relação da ideia de vida e morte como as categorias centrais desse exercício “genocídio” e “necropolítica” e, por fim, narrativas de fatos da vida que apresentam casos de extremos violência que, sendo ocorrência frequente à pessoas negras e ou não brancas, são naturalizadas.