O trabalho da mulher no campo, seja no roçado, seja no ambiente da casa, é por vezes visto como ajuda. Porém, todo trabalho que realiza, por meio dos seus múltiplos papéis, altera, modifica, organiza e produz o espaço no campo. Ainda assim, na maioria dos casos, esse trabalho não é valorizado e nem recompensado financeiramente, o que faz com que as mulheres se sintam oprimidas dentro de uma sociedade que valoriza o poder pelo capital. Dessa maneira, mesmo que sejam fortemente atuantes no campo, muitas acabam vislumbrando uma realidade diferente nas cidades. Nesse trabalho, apresentam-se mulheres que, em algum momento de suas vidas, viveram no campo e depois migraram para a cidade, no município de Muzambinho, localizado na mesorregião Sul/sudoeste de Minas. Esse município caracteriza-se pela predominância da cafeicultura, uma das principais commodities brasileiras, que é praticada, sobretudo pela agricultura familiar, da qual boa parte das mulheres dessa pesquisa são oriundas. Assim, para a compreensão da temática, o trabalho tem como objetivo compreender se os papéis socioespaciais e as relações de trabalho se alteram para as mulheres que migram do campo para cidade no município de Muzambinho. Como resultado do trabalho, constatou-se que essas mulheres depositaram a esperança de uma autonomia financeira e liberdade de deslocamento especial na mudança para cidade, que em muitos casos entre as entrevistadas, ocorreu de maneira sutil ou nem ocorreu.