As recentes transformações do modo capitalista de produção estabelecidas em novos processos espaciais que repercutem em mudanças profundas na estrutura urbana, podem ser adequadamente compreendidas a partir da perspectiva da fragmentação socioespacial, cujo processo têm redefinido não apenas as dimensões práticas da vida cotidiana nas cidades, mas também as lógicas de sua produção material. Os espaços de moradia constituem-se em um lócus importante para a análise das lógicas espaciais contemporâneas e, portanto, das diversas manifestações empíricas da fragmentação socioespacial. É neste sentido que a expansão dos novos habitats periféricos e dos novos espaços da moradia nas cidades médias escolhidas como delimitação empírica deste trabalho, a saber Sobral/CE e Mossoró/RN, revela a face extremada das transformações recentes do neoliberalismo urbano. Neste sentido, a análise da expansão e inserção socioespacial das novas formas do morar busca demonstrar com o processo de fragmentação socioespacial se manifesta, seja a partir: 1) dos espaços residenciais fechados destinados aos segmentos de médias e altas rendas, nas tipologias de loteamentos fechados e condomínios horizontais; 2) dos habitats destinados aos segmentos populares por meio de política pública de produção habitacional, cuja provisão realiza-se no encontro dos interesses de agentes locais com as linhas de financiamento do programa habitacional; 3) e dos aglomerados subnormais autoconstruídos, onde residem famílias que sequer conseguem arcar com o custos do financiamento popular ou enquadrar-se nos programas sociais do poder público. Neste trabalho estes dados serão sistematizados e analisados à luz do debate teórico da fragmentação socioespacial e da redefinição da policentralidade urbana.