A comunidade quilombola São Domingos está localizada na área urbana de Paracatu-MG e tem sua formação territorial originada a partir dos processos de exploração do ouro, que teve seu auge no final século XVII e início do século XVIII. A comunidade possui um universo simbólico repleto de representações culturais, com destaque para a festa da Caretada, realizada no mês de junho, em homenagem à São João Batista. A Caretada possui sua origem associada ao período colonial e às festas organizadas pelas irmandades católicas que congregavam a população negra e parda em Paracatu. O objetivo do artigo foi identificar e compreender os geossímbolos e as representações simbólicas da comunidade São Domingos, a partir do microcosmo da festa da Caretada, e analisar as relações entre as dimensões material e simbólica do território. Como procedimentos metodológicos foram realizados pesquisa histórica e documental, observação participante e entrevistas narrativas. Os geossímbolos além de demarcarem territórios simbólicos revelaram, ao serem compreendidos em conjunto, elementos da visão de mundo e dos valores dos moradores, tais como: i) a relação com o sagrado; ii) as relações de parentesco; iii) a valorização dos ancestrais e a relação com a natureza. Partimos, portanto, de uma visão não dicotômica do território que compreende as suam dimensões material e simbólica de forma integrada e relacionada.