Enquanto gênero musical, o Brega fomentou uma significativa produção cultural, que ao longo do tempo se articulou com processos de horizontalidades e verticalidades relacionados a construção e circulação sua produção cultural. As “festas de brega” derivam das antigas "gafieiras", festas que tocavam merengue e bolero nas periferias de Belém-PA desde as décadas de 1950 e 1960 (Costa, 2009), dando origem a um circuito cultural periférico, ou “circuito bregueiro” (COSTA, 2009), que passa a usar o termo Brega para denominar tanto as festas quanto o gênero musical, que se consolida a partir dos anos 1970 com os seus primeiros registros fonográficos. Esta produção cultural compõe-se de atravessamentos de horizontalidades e verticalidades (SANTOS, 2006), apresentando práticas locais horizontalizadas, as quais se solidarizam às verticalidades derivadas de processos e eventos hegemônicos advindos principalmente de processos econômicos. Desta forma, o brega manteve relações tanto com o circuito inferior quanto superior da economia (SANTOS, 1978), tendo sido inicialmente comercializado (anos 1970) nos moldes verticalizados (gravadoras, selos fonográficos, rádios, lojas), e posteriormente (anos 1990, 2000) também pela pirataria (tendo acesso a equipamentos de gravação e reprodução de CDs, produtos vendidos por camelôs e ambulantes), vivendo hoje um momento híbrido na era do streaming, onde o mercado independente e a indústria cultural disputam o espaço virtual. Analisaremos as formas de interação do gênero musical Brega com os diferentes circuitos econômicos, assim como a importância das festas de Brega enquanto fator agregador no processo de geração de territorialidades e noções de identidade.