Este artigo apresenta os resultados de uma investigação sobre a relação do desenho da cidade no processo de formação da esfera pública e a experiência urbana das crianças, pensando nas ruas como seu espaço de sociabilidade. Diante disso, questões emergem: a transformação da cidade influencia a rua a perder sua função como espaço de lazer? Por onde se deslocam as crianças na cidade contemporânea? Assim, em diálogo às perguntas apresentadas, a análise toma o contexto do bairro Campo Grande (Cariacica, Espírito Santo), a fim de entender qual é a sua dinâmica. O objetivo da pesquisa foi caracterizar o traçado e a implantação das escolas dentro do bairro escolhido, a partir do mapeamento e da recolha documental, utilizando-se do georreferenciamento e buscando fazer uma interpretação cartográfica com as crianças. Após esta organização foi realizado um ensaio piloto, em uma escola pré-selecionada, aplicando questionários e estabelecendo diálogo com crianças (entre 9 e 11 anos) a fim de entender: como é o deslocamento da casa até a escola? Quais são as sensações, problemas e oportunidades? Dentro dessa lente, abre-se espaço para repensar os espaços públicos e localização das escolas na escala local - e da cidade, para as crianças. E, não somente, de forma reducionista, pensar em playgrounds e áreas de brincar - o fazer da criança, não se resume ao brincar. Destaca-se a importância da organização das funções urbanas e humanas, enquanto influenciador cotidiano das crianças, a partir da preocupação da qualidade oferecida a esses pequenos habitantes da urbe.