As comunidades situadas no Vale do Jequitinhonha desde os tempos coloniais tem sido um celeiro de gêneros alimentícios para o abastecimento dos polos mineradores que naquela região se desenvolveu, sobretudo em função das descobertas de ouro e diamante. Um dos gêneros alimentícios que subsidiou a base alimentar na região do Arraial do Tejuco (atual Diamantina-MG) fora a rapadura produzida a partir da moagem da cana-de-açúcar. Produto este que também se caracteriza como moeda de troca ainda corrente pelos agricultores locais; além de ser um dos elementos fundamentais da alimentação daqueles núcleos familiares ali domiciliados há séculos. Neste sentido, a comunicação que se apresenta tem como proposta estudar a construção da identidade felissantense a partir da produção da rapadura no município de Felício dos Santos, Alto Vale do Araçuaí, Minas Gerais. Para isso, estabelecemos três objetivos específicos: i) mapear os engenhos produtores de rapadura ativos na comunidade para identificar os principais agentes de sua fabricação; ii) analisar o processo de produção da rapadura na área de estudo para contextualizar sua circularidade regional e, por fim, iii) identificar como o produto é comercializado na região para entender as permanências da tradição açucareira na comunidade em foco. Portanto, o estudo do processo de produção da rapadura é antes de tudo uma oportunidade de entender as permanências dessa tradição na construção dos laços socioafetivos e identitários da população felissantense.