A obra precursora Metaphor we live by (1980), de Lakoff e Johnson, faz emergir uma nova perspectiva de abordagem da metáfora no âmbito dos estudos linguísticos. Diversos trabalhos seguiram o lastro dessa nova concepção de metáfora como um fenômeno cognitivamente situado. A partir dela, surgem os mais diversos trabalhos que tratam de investigar a ocorrência de metáforas conceituais na linguagem cotidiana. Ocorre que muitos desses estudos investigaram apenas a ocorrência de metáforas monomodais, aquelas em que domínio-alvo e domínio-fonte ocorrem apenas em um modo semiótico, como por exemplo o verbal. Nesse contexto, este estudo tem por propósito analisar e investigar um novo tipo de ocorrência metafórica: as metáforas multimodais. Esta proposta foi delineada pelo pesquisador norte-americano Charles Forceville (2009) a partir da Teoria da Metáfora Conceitual de Lakoff e Johnson (1980). Na proposta de Forceville, a metáfora multimodal é aquela em que domínio-alvo e domínio-fonte são mapeados exclusiva ou predominantemente sobre diferentes modos semióticos. Desse modo, este trabalho objetiva investigar, particularmente, a ocorrência de metáforas multimodais usadas na construção de sentidos do gênero meme verbo-imagético, mostrando que a integração de diversos modos semióticos como o verbal e o imagético pode atuar na construção das metáforas multimodais. Para tanto, constituiu-se um corpus com cinco exemplares de memes que satirizam e criticam temas relacionados a Política brasileira. Da análise desses exemplares, resultou a constatação de que a metáfora conceitual não ocorre exclusivamente através do modo semiótico verbal, mas também através da inter-relação entre diferentes modos como o verbal e o imagético. Além disso, ficou constatado que esse tipo de metáfora licencia recategorizações metafóricas dos referentes tematizados nos textos analisados.