A presente proposta objetiva refletir sobre as experiências desenvolvidas na disciplina teatro, no âmbito da Universidade Integrada da Terceira Idade, da Universidade Federal do Maranhão (UNITI-UFMA). Nesse contexto, foram desenvolvidos instrumentos conceituais e metodológicos que situaram o corpo como local de experiências e aprendizado. Para tanto, adaptaram-se jogos teatrais e técnicas do Teatro do Oprimido (BOAL, 2019), que ressignificaram e problematizaram os engessamentos e os discursos sobre as relações sociais na velhice. As atividades desenvolvidas em sala de aula constituíram um espaço de discussão, problematização e interlocução sobre as problemáticas que tangenciam o processo do envelhecimento. A corporeidade idosa apresentou-se como uma das substâncias do processo pedagógico, constituindo-se tanto como potência criadora, quanto como contestação social. Desse modo, levantaram-se reflexões sobre a sexualidade e gênero na educação de pessoas velhas, considerando os discursos sobre velhice que circulam em vários âmbitos de nossa sociedade. Embora a produção discursiva se concentre nas áreas biológicas e médicas, outros campos também se ocupam em tecer verdades sobre os modos de vida da pessoa idosa. No contexto das relações sociais os sujeitos vão incorporando e materializando os efeitos desses discursos, por meio de relações de poder muito complexas. Esse fato evidencia os marcadores etários como dispositivos que objetivam a homogeneização, o controle e a regularização dos corpos no campo social (POCAHY, 2011). A materialização dos corpos velhos articula uma variedade de dispositivos, constituindo os sujeitos e as margens para onde as dissidências são alocadas. Assim, tanto o gênero e a sexualidade, quanto a faixa etária emergem como instrumentos de subjetivação, para promover o cuidado de si e, portanto, o controle social (FOUCAULT, 2013). As experiências com as técnicas do Teatro do Oprimido oportunizaram uma discussão complexa e sistemática sobre a velhice, o gênero e a sexualidade, situando esses fatores como fenômenos históricos, sociais e culturais.