A Educação Infantil, enquanto segmento da educação básica no Brasil, foi construída historicamente como um campo de atuação ocupado, predominantemente, por mulheres, situação que perdura até hoje e caracteriza o contingente ocupacional nesse contexto. Configurada, inicialmente, a partir de um modelo assistencial e vinculado às creches, a Educação Infantil possui em seus alicerces elementos que estabelecem uma relação naturalizada com o ambiente familiar e doméstico. Por conseguinte, na educação de base, as funções de cuidado e educação estariam intrinsecamente atreladas aos cuidados familiares, o que em nossa cultura é sinônimo de cuidados maternos. Partindo destas premissas, este trabalho tem o objetivo de debater como a dimensão do cuidado, inserida nas práticas de educadores infantis, estabelece aproximações e distanciamentos em relação ao cuidado familiar. Buscar-se-á, desse modo, apresentar as articulações entre gênero, educação e psicanálise a partir de uma revisão na literatura científica sobre o cuidado ambiental promovido em escolas voltadas a crianças de 0 a 6 anos. Compreende-se que a feminização deste segmento educacional é fruto de um processo de naturalizações e que esta conjuntura demanda reflexões e desconstruções em diversos aspectos que sustentam esse status quo. Destaca-se, portanto, que este cenário estabelece e reproduz uma cultura em que as funções de cuidado, sejam em âmbito doméstico ou escolar, continuam a ser uma prerrogativa feminina, o que repercute em desequilíbrios e desigualdades de gênero.