Neste trabalho analisaremos o romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles (1973), que tem no enredo histórias de mulheres que se entrelaçam e se distanciam por causa do regime militar no Brasil. Nosso objetivo é formular uma proposta de ensino que reflita sobre a literatura produzida por mulheres na formação de leitores. Para isso, pesquisaremos na referida obra os reflexos exponenciais dos resquícios e sequelas do abuso autoritário imposto pelos militares, representado pelas constantes buscas das personagens por uma identidade que se encontre como mãe, filha, amiga, militante, burguesa, dentre outras representatividades sociais na contemporaneidade. Nossa pesquisa consiste em leituras bibliográficas de autores como: Eurídice Figueiredo (2017); Regina Dalcastagnè (1996), Alfredo Bosi (2015), entre outros, que fundamentaram a relevância de obras literárias que sensibilizem e/ou conscientizem o leitor através de fatos políticos, sociais ou culturais, seja como forma de conhecimento, memória, conscientização e até mesmo de testemunho. Evidenciamos, portanto, que a narrativa traz de modo representativo os impactos e as implicações da escrita ficcional como ferramenta para a produção simbólica, de modo que nos auxilie de maneira significativa para o desenvolvimento crítico do leitor, possibilitando-os novas percepções. Sendo assim, trabalhar obras produzidas por mulheres possibilita uma leitura crítico-reflexiva sob outros prismas, numa perspectiva de ampliar horizontes dos leitores.