Vivenciar uma situação traumática deixa vestígios de ordem psicofisiológica, o corpo memoriza e recorda com uma carga intensa que pode conduzir o sujeito a um modo de existir baseado no trauma. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) envolve ansiedade física e/ou emocional após situação que sobrecarrega o organismo levando-o a flashbacks e a evitação simbólica/concreta de coisas que se assemelham ao ocorrido. No dia 11 de março de 2022 em uma sexta-feira aparentemente comum, os estudantes de uma escola da zona rural da rede pública de Riacho das Almas-PE sofreram um acidente envolvendo o transporte escolar, sendo 29 pessoas ao todo, alunos entre 11 e 15 anos e o motorista, deixando 4 crianças como vítimas fatais. OBJETIVO: Descrever a experiência da psicologia escolar na intervenção com os alunos sobreviventes ao acidente. MÉTODO: O presente trabalho discorrerá sobre a experiência das intervenções individuais com base na análise bioenergética, desenvolvimento de recursos de enfrentamento do medo e vínculo terapêutico. Diante da extrema vulnerabilidade emocional após o evento traumático, as crianças envolvidas no acidente não conseguiam retornar para a comunidade escolar, sendo necessário que a prestação de serviço da psicologia saísse dos entre muros da escola e fosse onde a população assistida morava. Os atendimentos individuais aconteciam 2 vezes na semana em consonância com os grupos terapêuticos. RESULTADOS: Observou-se ao longo da atuação a necessidade de uma psicoeducação sobre o medo, TEPT e a imprevisibilidade da inconstância da vida. O processo de autoconhecimento dos alunos que passaram pelo acidente permitiu reconhecer as fragilidades emocionais que impediam os mesmos de entrarem novamente em veículos, fez-se importante a atualização dos recursos que eles possuem para lidar com o medo e ansiedade por meio de exercícios de respiração e contato com o aqui-agora, elaborando estratégias para retornar a vida de modo presente e com qualidade.