O fazer-se ou ser professor(a) aprendiz formalmente passa inicialmente por uma formação acadêmica que, em países como o Brasil, se estabelece por cursos de licenciatura sem que haja necessidade de qualquer outra formação acadêmica anterior (GARCIA, 2010). Entre tornar-se professor(a) e ser professor(a) há, sem dúvidas, portos de passagens ou trajetos mais ou menos conhecidos. Essa caminhada, no entanto, não é dada a priori: constitui-se no cotidiano da cultura docente seja na academia seja no chão da escola. Refletindo sobre essa trajetória, tem-se como objetivo discutir neste trabalho como sujeitos licenciandos em letras percebem a formação docente e sua vivência em aulas de língua portuguesa em situações distintas. Para tanto, foram analisados, sob pressupostos da pragmática (RAJAGOPALAN, 2014; BLOMMAERT, 2014) numa pesquisa qualitativa de base etnográfica, os atos de fala no discurso de um grupo focal em relação à construção da prática docente no ensino-aprendizagem de língua portuguesa. Como resultados, contatou-se (i) um engessamento na formação do(a) professor(a) aprendiz, sobretudo quando esse(a) reflete sobre situações diversas em estágio não obrigatório, e (ii) um reconhecimento muito positivo das relações e observações construídas na sala de aula do curso de licenciatura, a despeito de falhas percebidas na formação acadêmica. Os resultados parecem apontar para (i) a importância das relações profissionais e humanas na construção da relação teoria e prática para o ensino de língua e (ii) para a necessidade da promoção de debate ne cursos de licenciatura em torno das diversas experiências docentes realizadas pelo(a) estudante de licenciatura no vir-a-ser professor(a), sejam essas de responsabilidade ou não da instituição de ensino.