A Matemática nasceu (e se desenvolveu amplamente) no continente africano, inclusive o famoso teorema do triângulo retângulo não é de Pitágoras! No senso comum e não à toa, a Matemática é colocada como ciência exata, cujos saberes se constroem de maneira isenta, racional e independente de questões sociais. Urgem a necessidade de desconstruir o mito do milagre grego e a prática do ensino de Matemática compromissado com a visibilidade dos saberes de povos africanos e da diáspora. São quase duas décadas desde a aprovação da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira. Livros e artigos recentes sobre o tema apontam a necessidade destas temáticas se apresentarem em todo currículo uma vez que, no Brasil, o racismo estrutural está presente em diversos espaços e se manifesta de maneiras diferentes. Falta de representatividade e apagamento dos saberes científicos africanos na escola reforçam a perversidade dessa estrutura social. Objetiva-se com este trabalho contribuir com o debate sobre a descolonização do ensino de Matemática. Verificou-se que dos 87 termos “África” ou “africana(o)” no texto da Base Nacional Comum Curricular, nenhum está situado nas competências ou habilidades específicas da área “Matemática e suas Tecnologias” e há apenas 5 ocorrências quando o recorte é específico do Ensino Médio. Também serão apresentadas estratégias para abordagem das questões étnicoraciais nas aulas de Matemática (construção, utilização e divulgação do conhecimento matemático), além do convite ao cumprimento da lei, este trabalho aborda a importância do combate ao epistemicídio promovido por séculos de uma Matemática eurocentrada.