Ressaltamos a importância do diálogo na formação inicial de professores, pois eles precisam estar preparados para formar cidadãos para o convívio democrático. Na pesquisa em educação em ciências, a comunicação dialógica tem sido enfatizada, entre outros, nos estudos sobre argumentação (ex. argumentação retórica X socrática X dialógica) e sobre a elaboração conceitual nas interações em sala de aula (ex. abordagem interativa X não interativa, de autoridade X dialógica). Nessas abordagens o diálogo é concebido, basicamente, como troca linguística e intelectual, sendo a aprendizagem pensada como uma transferência do que se produz no plano social para o plano individual, em um processo de internalização. A teoria da subjetividade apresenta uma outra forma de conceber o diálogo e a aprendizagem. Nessa perspectiva, ambos os processos são pensados como produção subjetiva de natureza simbólico-emocional, que ligam o atual e o histórico, o social e o individual. A estratégia pedagógica é pensada como abertura de canais dialógicos, que possibilitam a sintonia de pensamento entre professor e alunos. O diálogo é uma condição favorecedora da produção de sentidos subjetivos, que resultam na personalização da informação, processo relevante para os tipos de aprendizagem compreensiva e criativa. Essas são formas de aprendizagem capazes de promover o desenvolvimento da personalidade. Fundamentados nesta concepção, analisamos diálogos e aprendizagens ocorridos em um tema da Licenciatura Integrada em Ciências, Matemática e Linguagens em que o assunto alimentação foi proposto aos estudantes para ser discutido em uma perspectiva interdisciplinar. Os licenciandos participaram de todas as decisões referentes à gestão do curso e realizaram, colaborativamente, atividades que lhes possibilitaram discutir os assuntos que eles mesmos escolheram aprender. Demonstraram motivação, compromisso e realizaram aprendizagens relevantes para a vida e para a atuação profissional futura.