Durante muito tempo, a história do trabalho concentrou seus interesses de pesquisa nas experiências masculinas nos mundos do trabalho. Nesse sentido, boa parte dos estudos sobre o tema focalizava as condições de trabalho, a organização sindical e as mobilizações políticas das classes proletárias tendo os homens adultos como protagonistas em suas narrativas. Porém, nas últimas décadas, junto com as mobilizações de minorias e maiorias excluídas por direitos e igualdade, cresceu também o interesse de historiadores(as) acerca das experiências de outros personagens igualmente relevantes na conformação das relações capitalistas de produção. Nesse sentido, o presente artigo discute as condições de trabalho de mulheres e crianças na Paraíba entre as décadas de 1920 e 1940. A pesquisa documental corroborou a relevância quantitativa desses grupos no cômputo geral dos trabalhadores paraibanos. Além disso, buscamos demonstrar que as condições de trabalho naquele contexto eram perpassadas pela interseccionalidade das relações de dominação, com mulheres e crianças trabalhadoras sofrendo os efeitos de múltiplas opressões. Para discutir essas e outras questões, nos baseamos principalmente em leis e decretos sancionados na primeira metade do século XX, bem como nos recenseamentos produzidos no período. Além disso, também analisamos jornais paraibanos que circularam na época. Do ponto de vista teórico-metodológico, dialogamos principalmente com a perspectiva de Michel Foucault (2013) acerca do funcionamento do “poder disciplinar” nas sociedades capitalistas.