CONSIDERO A PROBLEMÁTICA DA EXISTÊNCIA DE UMA LITERATURA HOMOSSEXUAL NO BRASIL JÁ NA DÉCADA DE 1970, BUSCANDO REDISCUTIR A PROPOSIÇÃO DE MÁRIO CÉSAR LUGARINHO QUE, AO RECORRER À NOÇÃO DE SISTEMA LITERÁRIO DE ANTONIO CANDIDO, DEFENDE O SURGIMENTO DESSA LITERATURA (NA VERDADE, ELE UTILIZA O TERMO LITERATURA GAY) SOMENTE EM 1999, COM A PUBLICAÇÃO DE CINEMA ORLY, DE LUÍS CAPUCHO. ESSA DISCUSSÃO É ESSENCIAL PARA MINHA PESQUISA, VISTO QUE TENHO COMO CORPUS A LITERATURA PUBLICADA NO JORNAL LAMPIÃO DA ESQUINA, HISTORICAMENTE DATADA, PORTANTO, ENTRE 1978 E 1981, MUITO ANTES, ASSIM, DO “NASCIMENTO” DA LITERATURA HOMOSSEXUAL, COMO QUER LUGARINHO. SOU LEVADO, COM ISSO, A QUESTIONAR: QUE LITERATURA É ESSA PUBLICADA NO LAMPIÃO DA ESQUINA? PRIMEIRAMENTE, TENTO DEMONSTRAR QUE A TESE DE LUGARINHO REVERENCIA E PRESSUPÕE A DITA INTENCIONALIDADE DO AUTOR, DO MESMO MODO QUE TOMA A LITERATURA COMO UM REFLEXO DO MUNDO, MEDIADO PELA QUALIDADE ESTÉTICA DA OBRA E A SENSIBILIDADE/GENIALIDADE DO AUTOR EM EXPRESSAR ADEQUADAMENTE A “HOMORREALIDADE” POR MEIO DE UMA REPRESENTAÇÃO. EM SEGUIDA, FUNDAMENTO, COM ENI ORLANDI E JOSÉ LUIZ FOUREAUX DE SOUZA JUNIOR, A RELAÇÃO DISCURSIVA ENTRE LITERATURA E HOMOSSEXUALIDADE, A FIM DE JUSTIFICAR A LEITURA DA LITERATURA DO LAMPIÃO COMO DESDOBRAMENTO DE UM “OLHAR HOMOSSEXUAL”.