A poesia infantil de Vinicius de Moraes configura-se, dentre outros aspectos, na identificação de elementos ideológicos capazes de subsidiar a construção de significados e o desenvolvimento da criticidade da criança. Esses elementos referenciam objetos e contextos comuns ao universo infantil, dinamizando a composição sequencial das imagens, a fim de lhes fornecer autonomia. Nesse sentido, observamos os modos de ler realidade e ilusão no poema O Gato, que compõe a coletânea A Arca de Noé, publicada em 1970, objetivando a quebra de paradigmas que (re)afirmam a inabilidade de interpretação e construção de sentidos do pequeno leitor. Para tanto, a análise articula-se à crítica, à teoria e aos conceitos de literatura infantil de Hunt (2010); às bases para a formação de leitores, de Pinheiro (2006); e aos postulados para a leitura de poesia na escola, de Gebara (2002).