Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

O REFLEXO DO NEOCONSERVADORISMO NAS CONTRARREFORMAS EDUCACIONAIS EM CURSO: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO NAS POLÍTICAS CURRICULARES.

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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

Nos dias atuais observamos, por meio da pesquisa bibliográfico-documental, assim como no exame das políticas e práticas pedagógico-curriculares, a ascensão da face conservadora resultante da reconfiguração da ofensiva neoliberal no país. Esta se materializa no âmbito educacional através da disputa política, ética, ideológica e epistemológica no campo curricular, indissociável da formação e atuação docente, para a redefinição "valorativa" dos procedimentos cognitivos, comportamentais e atitudinais da relação ensino-aprendizagem. Sustentado pela retórica tecnicista, que historicamente promoveu a despolitização da política e o esvaziamento do conteúdo crítico para a formação humana, o movimento Escola sem Partido tem promovido uma série de ações em variadas escalas, espaços e proporções para a recomposição-reformulação dos conteúdos das diferentes disciplinas escolares, com foco nas ciências humanas, sobrevalorizando os imperativos liberais clássicos derivados dos intelectuais orgânicos da Sociedade de Mont Pèlerin, calcados na consagração da liberdade individual e da sobrevalorização da ética capitalista para a reprodução dos valores societários. Para tal, age de modo combinado nas instâncias públicas nacionais e subnacionais com a finalidade de elaborar e difundir projetos de leis e decretos, nos meios acadêmicos ante à retomada do pensamento das escolas de pensamento econômico austríaca e de Chicago e suas vicissitudes para o recrudescimento da teoria do capital humano, e nas redes virtuais para a disseminação de suas proposições. Neste sentido, a presente pesquisa tem como objetivo analisar criticamente os impactos políticos, ideológicos e sociais da ofensiva do conservadorismo no contexto de cristalização das contrarreformas educacionais, tomando como foco a disputa em curso sobre as políticas e práticas curriculares protagonizada pelo movimento Escola sem Partido. Trata-se de uma pesquisa básica, de análise qualitativa, de caráter explicativo, que se insere na categoria de pesquisa de tipo bibliográfico-documental. No presente trabalho, delimitamos o recorte histórico do estudo a partir do ano de 2013, devido as consequências das "jornadas de junho" que impulsionaram mais tarde a deposição da presidenta Dilma Vana Rousseff e a reorientação conjuntural dos valores societários, não descartando elementos históricos precedentes para a contextualização sócio-histórica. Como resultado parcial, identificamos que esse fenômeno advém de modo programático do processo de recomposição burguesa, atendendo os determinantes estruturais de frações da burguesia para a consolidação de suas intencionalidades, se reificando na formação do homem de novo tipo, para o exercício da cidadania de tipo novo, interessado em ações políticas na escala local no escopo da "democracia consentida", indissociável de sua maleabilidade às transformações do mundo do trabalho, que cada vez mais intensifica a precariedade do proletariado por meio da consolidação do paradigma do zero hour contract e da uberização. Isto se reflete na superestrutura, considerando o conceito gramsciano de Estado Ampliado, mediante as circunstâncias vividas na contemporaneidade, que pode ser concebido nos projetos de lei em trâmite nos municípios, nos estados e na federação, sendo respaldada por setores do bloco no poder de cunho conservador, de modo paralelo à atuação dos aparelhos privados de hegemonia e think thanks no corpo da sociedade civil, com destaque àqueles criados no bojo das jornadas de 2013. Destarte, concluímos que a face conservadora da atual ofensiva do capital sobre o país serve como base ideológica de parte das transformações em curso que, inexorável do modelo neoliberal ortodoxo em desenvolvimento que imputa medidas para a gestão das políticas educacionais no contexto de retomada do ajuste fiscal, solapando o investimento para o setor, assim como suas intencionalidades formativas, promove a reconfiguração das predileções pedagógico-curriculares para a limitação da atuação política e crítica dos discentes no cenário de precarização de sua reprodução social e material, resultando na reconfiguração dos mecanismos de mediação do conflito de classes.

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