FORMAÇÃO DOCENTE: PROFISSIONALIZAÇÃO COMPROMETIDA FACE AOS REFLEXOS HISTÓRICOS. Bianca da Silva Almeida¹ IFTO- Campus Araguatins/Bolsista CAPES/PRP, Almeidabianca912@gmail.com. Adriana Reis Oliveira² IFTO-Campus Araguatins, adrianareisbio3@gmail.com Lesly Natalie Brito Araújo³ IFTO-Campus Araguatins, leslyaraujo.01@gmail.com. Kassio Matheus de Carvalho5 IFTO-Campus Araguatins, kassiomatheuus_21@hotmail.com Janaina Costa e Silva6 IFTO-Campus Araguatins, janaina.silva@ifto.edu.br. Eixo Temático: (2. Políticas Públicas e Identidade docente - com ênfase em referenciais políticos e epistemológicos sobre a carreira e valorização dos professores) Resumo Por muito tempo o homem teve o papel de trabalhar e sustentar a casa, sendo assim, as mulheres não tinham uma profissão, estas eram limitadas aos afazeres domésticos e educação dos filhos. Com o passar dos anos e evolução da sociedade esse quadro foi modificado, um dos grandes avanços foi a permissão de mulheres realizar o magistério. O que parecia ser um progresso na luta pelo espaço feminino no mercado de trabalho, na verdade não passava de uma desvalorização da categoria, pois a função somente lhes era confiadas por se tratar de uma profissão que parecia com a delicadeza de uma mulher. A predominância de mulheres atuando em cursos de licenciatura, e consequentemente exercendo em maior número a profissão é resultado desta cultura, que deixou fixo o conceito, que ser professor é coisa de mulher. A associação da atividade de magistério a um "dom" ou a uma "vocação" feminina baseia-se em explicações que relacionam o fato de a mulher gerar em seu ventre um bebê com a "consequente função materna" de cuidar de crianças; função esta que seria ligada à feminilidade, à tarefa de educar e socializar os indivíduos durante a infância. Dessa forma, a mulher deveria seguir seu "dom" ou "vocação" para a docência (LOURO, 1997). Os cursos de licenciatura historicamente são desvalorizados, essa falta de prestígio é consequência de uma cultura que rotulava essa profissão unicamente para mulheres, como se fosse uma extensão dos afazeres de casa. Os vestígios dessa cultura ainda permeiam os dias atuais, quando formandos em licenciatura em Ciências Biológicas se auto intitulam "Biólogos". Os trabalhos de conclusões de cursos (TCC) reafirmam o desligamento com a atuação ou com a formação como professor, quando estes são voltados para linha de pesquisa biológica e não para a licenciatura. A formulação deste trabalho baseia-se na necessidade de conhecer os reflexos históricos herdados pela origem do ofício na comunidade acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, quanto a linha de pesquisa dos respectivos TCCs, a rejeição à licenciatura e a preferência da área de atuação profissional dos ainda licenciando. O objetivo geral foi fazer uma análise sobre os reflexos históricos deixados pela formação do docente, no pensamento do licenciando em ciências biológicas. E os específicos (i) identificar os vestígios deixados pela história do surgimento da profissão docente, (ii) constatar a preferência dos acadêmicos de licenciatura em biologia pela área da pesquisa e a rejeição dos acadêmicos em relação à licenciatura, (iii) verificar a área de pesquisa dos trabalhos de conclusão de curso. O trabalho aqui proposto configura-se em perceber os reflexos históricos herdados da origem da profissionalização docente e ter um olhar privilegiado sobre a licenciatura. Para isso, os dados da pesquisa foram coletados por meio de um questionário, sendo este aplicado aleatoriamente nas turmas do 2°, 4°, e 6° período do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFTO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins), Campus Araguatins. Teve também como base arquivos da biblioteca do Campus já mencionado, onde os trabalhos de Conclusão de Curso dos anos de 2014 a 2017 foram analisados e separados de acordo com sua referida área de pesquisa. Buscou-se uma melhor visualização e compreensão do cenário acadêmico do curso já apresentado e sua dimensão enquanto processo formativo de futuros professores. No total existem 62 (sessenta e dois) TCCs do Licenciatura em Ciências Biológicas até o presente momento da pesquisa. Podemos perceber que dos já graduados no curso 72,58% são mulheres, mostrando assim uma predominância feminina no Curso em questão. Esse fato pode ser entendido de acordo com a fala de Demartini e Antunes (1993, p.6) onde afirmam que desde os últimos anos do império, a situação se alterou e, pouco a pouco as mulheres foram sendo admitidas na escola normal e acabaram por transformá-la num espaço predominantemente feminino. Quanto a área de pesquisa, dos 62 trabalhos já escritos, 75,8% foi voltado para a área da pesquisa biológica e apenas 24,2 % foram relacionados diretamente à licenciatura. A pesquisa demonstrou que dentre os entrevistados há uma preferência pela profissão de Biólogo dentro do curso de licenciatura em Ciências Biológicas. Quanto ao grau de satisfação com o curso superior que estão realizando, pode-se perceber expressamente que mesmo que a aceitação de ambas as áreas (biológica e licenciatura) tenha sido 43,33%, esse número não indica que esses acadêmicos queiram a carreira docente, pois apenas uma pessoa afirmou que faz o curso especificamente pela carreira docente. Ao contrário da opção por licenciatura, a preferência pela área específica do curso é notável, já que 43,33% dos acadêmicos afirmaram que decidiram ou permanecem no curso por interesse na área de pesquisa. A partir das análises feitas nos trabalhos de conclusão de curso e dos questionários aplicados aos licenciandos do curso de licenciatura em ciências biológicas, pode-se concluir que existe grandes reflexos negativos na educação atual, que foram deixados pela cultura da formação do docente e um olhar errôneo sobre os cursos de licenciatura. Dos egressos, 72,58 % são mulheres, evidenciando que ainda hoje permeia a concepção que ser professor é uma profissão recomendada para mulheres. Ao final desta pesquisa foi claro o elevado índice de rejeição dos egressos quanto a linha de pesquisa na área da educação, pois 75,8 % optaram pela pesquisa de campo fora da área pedagógica. Houve grande rejeição também por parte dos ainda graduandos em relação ao possível exercício da profissão docente, mais precisamente 43,33 % dos pesquisados responderam que nunca pensaram em ser professor. O presente trabalho teve por intuito refletir sobre a formação docente, percebendo os reflexos históricos que têm sido herdados desde a origem da profissão e que têm comprometido à sua profissionalização, influenciando o pensamento dos novos estudantes de licenciatura sendo perceptível no perfil acadêmico. Palavras-chave: docência, mulher, reflexos, desvalorização Referências UFSM. Para onde vão as Licenciaturas? A formação de professores de problemas e as políticas públicas. Santa Maria: UFSM, ano 2000 - Vol. 25 - Nº 01 Disponível em http://www.ufsm.br/ce/ revista/revce/2000/ 01/a5.htm Acesso em 15 de dez. 2017. LOURO, Guacira Lopes. Mulheres na sala de aula. História das mulheres no Brasil, v. 2, p. 443-481, 1997. DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri; ANTUNES, Fátima Ferreira. Magistério primário: profissão feminina carreira masculina. Cadernos de pesquisa n. 86, p. 6, 1993. VELOSO, T. C. M. A., ALMEIDA, E. P. de. Evasão nos cursos de graduação da Universidade Federal de Mato Grosso, campus universitário de Cuiabá - Um processo de exclusão. 2001. Disponível em: . SANTOS, VANESKA RIBEIRO PERFEITO. MULHERES DAS CAMADAS MÉDIAS EM CURSOS SUPERIORES DE UMA FACULDADE PARTICULAR DE SÃO JOÃO DEL REI/MG.