Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

CANTO CORAL E ECOLOGIA SONORA NA FORMAÇÃO DOCENTE: O PROCESSO CRIADOR NA PESQUISA COLABORATIVA

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Atualmente, com o desmatamento das serras na região de Itapipoca, no maciço de Uruburetama, o canto dos pássaros e as sonoridades dos ventos estão em vias de extinção. Por outro lado, a poluição sonora das diversas tecnologias da informação presentes nas casas e escolas, em espaços urbanos e rurais, reforça uma anestesia social (DUARTE Jr., 2004) que de tal modo nos impede de desenvolver uma percepção crítica das paisagens sonoras do cotidiano (PARENTE, 2008) nas quais estamos inseridos enquanto produtores dessas sonoridades e, ao mesmo tempo, afetados por elas. Os estudos desenvolvidos por França (2011), Santos e Rocha (2014) nos trazem outras experiências de formação com essa abordagem interdisciplinar, uma vez que os Parâmetros Curriculares Nacionais Meio Ambiente e Saúde apontam para a importância de desenvolver a percepção sonora do ambiente como conhecimento a ser mobilizado nas atividades educativas lúdicas, articuladas com a utilização do material de sucata nas brincadeiras (BRASIL, 1997). O estudo foi desenvolvido articulado ao curso de Educação musical e ecologia sonora, pela abordagem da pesquisa-ação colaborativa, em parceria com a professora coordenadora do projeto de Reflorestamento do curso de Ciências Biológicas e a regente do projeto Canto coral do curso de Pedagogia (COSTA, 2010; PIMENTA, 2005) entre 2017 e 2018. O curso envolveu dois grupos de estudantes do curso de Pedagogia, em média com dez integrantes cada; todos integrantes do Projeto Canto Coral. Num primeiro momento, houve vivências de percepção das paisagens sonoras e estudo teórico sobre a ecologia sonora, situada nas questões ambientais da região. No segundo momento, os estudantes construíram poemas como forma de sistematização das sonoridades percebidas nas vivências. Por último, o grupo elaborou composições, com a musicalização dos poemas. Os resultados apontam para a desmistificação da composição e improvisação musical como lugar da invenção e reinvenção da produção de conhecimentos interdisciplinares que alia didática e estética, sem que as áreas de conhecimento sejam diluídas uma na outra, mas que sejam postas em diálogos significativos em sintonia com o paradigma da pesquisa como princípio educativo (DEMO, 2006). Essa pesquisa-formação tem relevância na profissão docente, a fim de que, em sala de aula, os recém-egressos dos cursos de licenciaturas não continuem a fazer somente reproduções de canções-produtos de consumo da mídia. 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O fazer musical de composição dos estudantes desprovidos dos códigos convencionais da leitura e escrita da linguagem musical de conservatório expressou autonomia na aprendizagem, quando o grupo percebeu que o trabalho colaborativo implica autonomia para pensar as sonoridades como uma matéria dinâmica a ser mobilizada pela razão sensível. Nas palavras de Beineke (2015), o fazer musical na perspectiva dos processos de criação, significa construir "uma comunidade de aprendizagem caracterizada pela confiança e abertura", na qual todos se sintam confiantes e seguros de que suas ideias sonoras serão valorizadas, "trabalhando com e aprendendo música". Diante de todos os resultados obtidos com este trabalho, podemos perceber que a abordagem interdisciplinar entre a musicalização e outra área de conhecimento, nesse caso, da educação ambiental, valoriza cada área de conhecimento naquilo que cada uma traz de essencial para a educação enquanto prática social (FAZENDA, 2016). Ressaltamos que nesse projeto, nos foi permitido ter uma nova perspectiva acerca das questões ambientais. Passamos a observar a natureza com outros olhares, vendo e ouvindo cenários significativos que antes passavam despercebidas, pela concepção equivocada de meio ambiente como espaço do qual não fazemos parte. A proposta teve significativa contribuição para a formação profissional e pessoal dos estudantes, na compreensão ampla do ensino de ciências em sua estreita relação com as práticas sociais que exigem corresponsabilidades. Referências BEINEKE, Viviane. Ensino musical criativo em atividades de composição na escola básica. Revista da ABEM. Londrina. v. 23, N. 34, 42-57, Jan a Jun. 2015. BESSA, Beatriz de Souza. Não atire o pau no gato: o politicamente correto na Educação Infantil. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Memória Social. 113p. Rio de Janeiro, 2007. BRASIL/SEF. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

O presente trabalho tem como finalidade abordar o estudo interdisciplinar entre educação musical na prática do Canto Coral e educação ambiental, na formação musical de professores. O contexto educacional constitui espaço de convergência no qual a ecologia sonora, as questões ambientais contemporâneas e os processos de criação se apresentam nesse estudo como questão de pesquisa-formação na aprendizagem da docência (FRANÇA, 2011; OSTROWER, 1977). Com os poucos avanços que tivemos no panorama da Educação Básica, no que diz respeito à inserção da música no currículo escolar, frequentemente os professores são convocados ora a desenvolverem práticas musicais focalizadas na reprodução de canções de comando, demarcando as rotinas da escola (BESSA, 2007), ora a se utilizarem de melodias de sucesso para a criação de paródias (JAGHER & SCHIMIN, 2014). Atualmente, com o desmatamento das serras na região de Itapipoca, no maciço de Uruburetama, o canto dos pássaros e as sonoridades dos ventos estão em vias de extinção. Por outro lado, a poluição sonora das diversas tecnologias da informação presentes nas casas e escolas, em espaços urbanos e rurais, reforça uma anestesia social (DUARTE Jr., 2004) que de tal modo nos impede de desenvolver uma percepção crítica das paisagens sonoras do cotidiano (PARENTE, 2008) nas quais estamos inseridos enquanto produtores dessas sonoridades e, ao mesmo tempo, afetados por elas. Os estudos desenvolvidos por França (2011), Santos e Rocha (2014) nos trazem outras experiências de formação com essa abordagem interdisciplinar, uma vez que os Parâmetros Curriculares Nacionais Meio Ambiente e Saúde apontam para a importância de desenvolver a percepção sonora do ambiente como conhecimento a ser mobilizado nas atividades educativas lúdicas, articuladas com a utilização do material de sucata nas brincadeiras (BRASIL, 1997). O estudo foi desenvolvido articulado ao curso de Educação musical e ecologia sonora, pela abordagem da pesquisa-ação colaborativa, em parceria com a professora coordenadora do projeto de Reflorestamento do curso de Ciências Biológicas e a regente do projeto Canto coral do curso de Pedagogia (COSTA, 2010; PIMENTA, 2005) entre 2017 e 2018. O curso envolveu dois grupos de estudantes do curso de Pedagogia, em média com dez integrantes cada; todos integrantes do Projeto Canto Coral. Num primeiro momento, houve vivências de percepção das paisagens sonoras e estudo teórico sobre a ecologia sonora, situada nas questões ambientais da região. No segundo momento, os estudantes construíram poemas como forma de sistematização das sonoridades percebidas nas vivências. Por último, o grupo elaborou composições, com a musicalização dos poemas. Os resultados apontam para a desmistificação da composição e improvisação musical como lugar da invenção e reinvenção da produção de conhecimentos interdisciplinares que alia didática e estética, sem que as áreas de conhecimento sejam diluídas uma na outra, mas que sejam postas em diálogos significativos em sintonia com o paradigma da pesquisa como princípio educativo (DEMO, 2006). Essa pesquisa-formação tem relevância na profissão docente, a fim de que, em sala de aula, os recém-egressos dos cursos de licenciaturas não continuem a fazer somente reproduções de canções-produtos de consumo da mídia. 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