A macrofauna edáfica é responsável por fatores que permitem a aeração do solo, fragmentação e junção de resíduos no solo, permitindo, assim, condições favoráveis a ação decompositora dos microorganismos e disponibilidade de nutrientes para o ecossistema. A comunidade edáfica permite a criação de novos microhabitats que, por sua vez, provêem a colonização de outros organismos. Do mesmo modo, a complexidade da vegetação pode alterar a dinâmica populacional da comunidade edáfica, ocorrendo também a diferenciação entre a dinâmica populacional que por sua vez, acompanha a variação da vegetação. Este estudo buscou responder como a biodiversidade de macrofauna edáfica varia entre diferentes fitofisionomias (herbácea, arbustiva e arbórea). Esperamos que fitofisionomias com maior complexidade estrutural possuirão maior biodiversidade. Assim, partindo de que a biodiversidade pode ser representada pela riqueza e abundância de macrofauna edáfica e a complexidade estrutural sendo o porte/tipo da vegetação, nossa previsão é que a riqueza e abundância de macrofauna muda positivamente a medida que aumenta a complexidade estrutural. O estudo foi realizado em três áreas as quais classificamos de acordo com as diferentes fitofisionomias de paisagem da caatinga (predominâncias): Área A: fitofisionomia herbácea. Área B: fitofisionomia arbustiva. Área C: fitofisionomia arbórea. Para o estudo da macrofauna edáfica utilizamos 6 armadilhas de queda, em cada área, com distância de 10 m entre elas, sendo revisadas a cada 12 h por 4 dias. Foram feitas avaliações quanto a composição e riqueza de macrofauna edáfica de cada fitofisionomia bem como abundância total e relativa de cada ordem para cada área. Para podermos comparar a abundância e riqueza de macroinvertebrados do solo nas diferentes fitofisionomias realizamos o teste de normalidade de Shapiro-Wilk, o qual demonstrou que os dados não apresentaram distribuição normal, por conseguinte, fizemos o teste não paramétrico de análise de variância unidirecional de Kruskal-Wallis e, posteriormente, o teste de Tukey. Foram capturados 249 indivíduos pertencentes a 17 ordens da fauna edáfica. Nas fitofisionomias, as ordens Aranae, Coleoptera, Collembola, Hymenoptera, Lepidoptera, Orthoptera e Scorpiones estiveram presentes. Entretanto, a Acari ocorreu somente em herbácea. Hemiptera e Phasmatodea na arbustiva e Blattodea, Polydesmida e Tipo Opiliones na arbórea. Houve diferença de abundância entre as fitofisionomias herbácea/arbórea e herbácea/arbustiva enquanto que as arbustivas/arbóreas não apresentou diferença (Teste de Tukey). Não houve diferença significativa de riqueza de ordens da macrofauna entre as três fitofisionomias (H = 3,573, P = 0,168). Para os dados de abundância, apresentou diferença significativa entre as três áreas estudadas (H = 18,835, P ≤ 0,001). Na área herbácea apresentou riqueza de 11 ordens e nas outras apresentou 12 ordens. A fitofisionomia herbácea foi a com maior abundância (n = 137) enquanto que nas fitofisionomias arbustiva e arbórea, a quantidade de indivíduos foi similar (n = 54 e n = 58, respectivamente). Nossos resultados indicaram que ambientes mais complexos nem sempre são aqueles que terão maior diversidade de macrofauna, nos arriscando dizer que, embora visualmente o ambiente herbáceo seja menos complexo quando comparado as outras duas fitofisionomias, sua complexidade pode estar empregada a outros fatores, como a porosidade do solo, recursos alimentares, temperatura e umidade. Deste modo, fitofisionomias mais complexas não necessariamente irão apresentar maior diversidade do que fitofisionomias menos complexas.