As florestas tropicais sazonalmente secas (FTSS) apresentam um grande aporte de serviços ecossistêmicos. Por isto, muitas vezes acabam sendo sobre-explotadas (EMBRAPA, 2007). Estudos a respeito da estrutura das populações de áreas florestais fornecem informações importantes para tomadas de decisão na aplicação de técnicas de manejo florestal e/ou conservação. A diversidade de espécies nestes ambientes possui características peculiares, principalmente aquelas espécies vegetais, que são fenológica e morfologicamente adaptadas para sobreviverem nestes ambientes secos e perturbados. Dentre as espécies de plantas existentes nas FTSS, C. blanchetianus aparece como uma indicadora de ambientes recém-perturbados ou em processos iniciais de regeneração. Apresenta grande distribuição e diversos benefícios ecológicos, econômicos e etnobotânicos (REIS et al, 2017; BARRERA; GÓMEZ; CASTIBLACO, 2016). Este trabalho objetivou verificar mudanças na estrutura populacional de C. blanchetianus em uma área de FTSS (caatinga) ao longo de 10 anos e foi realizado no Instituto de Pesquisa Agronômica (IPA), Caruaru-PE, cuja vegetação é de fisionomia arbustivo arbórea. A fundação existe desde 1959. Possuía uma área de 190ha, mas agora se encontra reduzida a um fragmento de 30ha de floresta madura. Em 1994, 3ha da vegetação nativa sofreu corte raso para o cultivo de Opuntia fícus-indica (L.) Mill (palma gigante), não utilizando fogo nem pesticidas para o preparo da terra (LOPES et al. 2011). O cultivo foi abandonado no ano seguinte e a vegetação vem regenerando há 23 anos. Foram realizados estudos em três momentos: T0) 2008 (LOPES et al. 2011); T1) 2013 (ANDRADE, 2017); e T2) 2018, este trabalho. Foram instaladas 100 parcelas de 50m² (5m x 10m) organizadas em cinco transectos de vinte parcelas, separados por um corredor de 3m. A floresta regenerante encontra-se a uma distância de 3 m da floresta madura sem registro de corte raso a cerca de 60 anos. Foram mensurados a altura e o diâmetro dos indivíduos de C. blanchetianus com diâmetro ao nível do solo (DNS) ≥ 3cm e registrado o número de indivíduos presentes nas parcelas. Os indivíduos foram separados em classes de tamanho usando a fórmula de Spiegel e regra de Sturges (FELFILI; REZENDE, 2003 apud FONTENELE, 2014), que separou a população em nove classes. Para verificar o efeito do tempo sobre a densidade, altura e diâmetro foi realizado um Modelo Linear Generalizado (GLM) com teste a posteriori de Tukey. Foi registrado um total de 242 indivíduos em 2008 e 218 em 2013. Neste estudo, a abundância aumentou para 319 indivíduos. Contudo, não houve diferença significativa na densidade média, que variou de 2,4 ind/50m² em 2008, para 2,2 ind/50m² em 2013 e chegando a 3,2 ind/50m² em 2018. Não houve diferença significativa no diâmetro médio dos indivíduos, que em 2008 foi 5,8cm, em 2013 foi 6,8cm e em 2018 foi 6,1cm. A altura média foi 3,1m em 2008, reduziu para 2,9m em 2013 e aumentou significativamente para 3,6m em 2018 (F(6, 208)=2.4250; p=0,005438). Em 2008 e 2013 11% dos indivíduos tiveram entre 0,2 a 2,5 m de altura. Em 2018 este percentual aumentou para 26%. Cerca de 50% dos indivíduos tiveram altura variando de 2 a 4,6 m ao longo dos dez anos. Conclui-se que houve um aumento na abundância da população de C. blanchetianus. No entanto, este aumento não foi suficiente para promover diferença significativa na densidade média. Não foi registrado investimento na ocupação do espaço horizontal. Por outro lado, houve um aumento na ocupação do espaço vertical ao longo do tempo, mas a maioria dos indivíduos está distribuída nas menores classes de altura. Isto indica um aumento na probabilidade de recrutamento de indivíduos adultos reprodutivos no futuro. Diante dos fatos, este artigo mostra que a população permanece regenerando-se lentamente.