O livro Quarto de despejo: diário de uma favelada é o diário de Carolina, uma catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e favelada. Ela representa a voz dos excluídos, marginalizados por questões sociais e étnicas. É um diário autobiográfico, um documento sobre a vida de uma favela em que Maria Carolina de Jesus procura denunciar as condições miseráveis em que vivem as pessoas residentes neste lugar. Nesse sentido, o diário registra fatos importantes da vida social e política do Brasil com uma linguagem forte e poética. Mesmo com todos esses elementos, há quem duvide que essa obra seja ou não literatura, chegando alguns a afirmarem com veemência que não. Afinal Quarto de despejo é ou não literatura? Pretende-se mostrar, através deste trabalho, a importância dessa obra dentro da literatura afro-brasileira, elencando, baseado nas categorias caracterizadoras das obras literárias afro-brasileiras, elementos que confirmem sua literariedade. Inicialmente será feita uma breve explanação da obra de Maria Carolina de Jesus, seguida de alguns pressupostos acerca do fenômeno literário. Além disso, uma análise da obra supracitada enfatizando as categorias que confirmam a literariedade presente no diário de Maria Carolina de Jesus. Por fim, serão apresentadas as considerações finais. As constatações apontam para que se confronte os argumentos daqueles que negam a Quarto de despejo o caráter de obra literária, afirmando que sim, esta obra é literatura.