A Organização Mundial da Saúde, preconiza o direito de acesso à água potável e segura, à todos os seres humanos, contudo, embora este seja um recurso indispensável à vida, quando não adequadamente tratada, a água pode atuar como veículo para transmissão de doenças. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou traçar um diagnóstico sobre as condições microbiológicas da água oferecida às crianças matriculadas em escolas públicas do ensino fundamental da cidade de Crateús e realizar um levantamento bibliográfico sobre o assunto, com objetivo de formar uma base de dados que possa, não só determinar o nível de contaminação, mas também reconhecer as principais causas dessa, e assim, propor ações com vista à melhoria da qualidade microbiológica da água consumida nas escolas públicas de Crateús. A pesquisa foi realiza em quatro etapas fundamentais. Na primeira etapa, foram realizadas pesquisas bibliográficas e coleta de dados junto à Prefeitura Municipal de Crateús e a empresa de abastecimento de água da cidade, sendo levantados dados relativos à quantidade de escolas do ensino fundamental, número de alunos e turnos de funcionamento das escolas. Após esse levantamento, foram coletados dados de campo, com entrevistas aos gestores de cada escola, que responderam questões acerca da origem da água ofertada aos alunos, números de reservatórios e forma de limpeza destes. Na segunda etapa, as amostras de água foram coletadas e analisadas pela Técnica do Número Mais Provável- NMP de coliformes totais e termotolerantes. Em 2016, Crateús registrava 5.409 alunos matriculados nas escolas de ensino fundamental. As 13 escolas pesquisadas recebem água tratada da rede pública de abastecimento municipal e seus gestores declararam que as escolas possuem pelo menos três reservatórios para armazenamento da água, incluindo caixa d’água e bebedouro. Em todas as escolas, segundo os gestores, antes de ser servida nos bebedouros, a água passa por um filtro de purificação, instalado nesses equipamentos. Além disso, as caixas e bebedouros são higienizadas, a cada dois meses, utilizando-se materiais como escova, bucha, água sanitária, vassoura, dentre outros. Todas as higienizações, são registradas em atas que ficam guardadas para serem checadas pela vigilância sanitária municipal. Dentre as 13 escolas avaliadas, 7 (53,8 %) apresentaram qualidade microbiológica satisfatória e 6 (46,2%), apresentaram contaminação por coliformes termotolerantes, sendo classificada como impróprias para o consumo, segundo os critérios adotados pela Portaria n° 2914 de 12 de dezembro de 2011. Esses resultados são extremamente preocupantes e evidenciam a necessidade de políticas públicas que possam garantir à população o direito de acesso à água adequadamente tratada, de forma que não ofereça nenhum risco a saúde, sobretudo dos escolares.