As práticas conteudísticas que ainda permeiam as grades curriculares do ensino brasileiro, a exemplo do componente de Geografia, corroboram para um ensino que se limita muitas vezes a atividades mnemônicas. Mediante a realidade educacional atual, e com o propósito de ultrapassar esta abordagem e estabelecer experiências mais reflexivas e críticas, a necessidade de entrelaçar a Geografia e a Literatura como uma possibilidade profícua para que condições de aprendizagem mais satisfatórias e prazerosas sejam criadas e, ao mesmo tempo, possa quebrar os estereótipos existentes no ensino de Geografia, mais precisamente no conteúdo em que se aborda o continente Africano, este ainda tratado como um assunto ‘decorativo’, não sendo digno de receber uma atenção significativa, como é realizado com os demais conteúdos existentes e demandados durante o ano letivo. Dentro desse contexto, neste trabalho utilizo a coletânea de poemas A dolorosa raiz do micondó (2012), de Conceição Lima que possui como cenário as ilhas de São Tomé e Príncipe, uma das fontes de inspiração na criação poética da autora. Assim sendo, tem como objetivo principal sua aplicação fazer uma reflexão acerca da diáspora africana e os processos de colonização e os impactos dessa ação na definição de uma identidade linear e cultural. Além disso, utilizo a obra África Brasil – Atlas Geográfico (2014), de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. Neste caso, tem como objetivo refletir a respeito de uma identidade brasileira frágil. Disponho como colaboradores dessa discussão alunos do 3° ano do ensino médio de uma escola privada na cidade de Campina Grande - PB. Desse modo, o referido trabalho pretendeu explorar ao máximo os elementos trazidos nas obras supracitadas, que remetem a compreender uma construção e reconstituição do espaço, das paisagens e da identidade por meio da representação lírica de uma memória. Os resultados desse trabalho indicam que ao privilegiar uma metodologia de víeis dialógica e crítica nas aulas de Geografia, foi possível proporcionar uma convivência mais duradoura e significativa com o conteúdo, que oportunizou compartilhar as sensações provocadas pelo mesmo sobre um olhar interdisciplinar, por conseguinte observou-se por meio da participação e dos posicionamentos dos (as) alunos (as) aprimoramento na capacidade interpretativa, tornando-os sujeitos mais críticos e sensíveis no que diz respeito as mazelas históricas-sociais que refletem em nossa sociedade, nos fazendo reconhecer que sabemos pouco sobre nossas identidades, além de permitir aos educandos ver uma Geografia vivenciada, que expõe a invisibilidade de uma paisagem geográfica marginalizada, que se não estudarmos ficaremos com a imagem distorcida do magnifico continente Africano.