O alto consumo energético dos materiais industrializados favorece o estudo de ações para planejar a reutilização de resíduos. O trabalho proposto visa apresentar as condições técnicas de se utilizar o lodo de esgoto na construção civil através da avaliação de tração na flexão em argamassas de revestimento. A motivação deste trabalho é lançar uma alternativa ambientalmente correta e tecnicamente viável do lodo de esgoto que hoje é considerado não só um problema ambiental, mas um problema enfrentado pelos órgãos públicos municipais. Para a obtenção do resíduo utilizado na substituição parcial do cimento, no caso, a cinza lodo de esgoto, realizou-se a coleta do lodo em seu estado bruto (in natura). As amostras do lodo in natura foram mantidas na estufa à 110°C durante 24 h até que ocorresse a evaporação da água de constituição, desidratando o material para que fique apenas os sólidos. Após a secagem do lodo de esgoto, o mesmo foi submetido ao processo de calcinação, que consiste em uma reação química de decomposição térmica através da queima do material. O lodo oriundo da ETE Centro foi calcinado na temperatura 600 °C com período de isoterma de três horas. O traço adotado para a fabricação das argamassas foi o 1:3 (cimento : areia). Como métodos utilizados para a execução do trabalho, os ensaios de resistência à tração na flexão foram realizados conforme estabelecido na NBR 13279/2005. Considerando os primeiros resultados alcançados nos testes de tração na flexão, observa-se que para o primeiro percentual aplicado à mistura (1:3), que o desempenho do lodo de esgoto calcinado evidenciou resultados satisfatórios em relação ao traço de referência (sem a adição do material calcinado). O traço de referência obteve média de 4,85 MPa para o rompimento em 7 dias de idade, enquanto que o traço com 5% de incorporação do resíduo calcinado obteve média de 4,97 MPa, corroborando um aumento de 2,47% na resistência à tração na flexão de argamassas com cinza do lodo de esgoto calcinado em 600 °C durante 3 horas de isoterma.