Artigo Anais ABRALIC Internacional

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-157X

PRÁTICA ESCRITURAL INDÍGENA: A LITERATURA QUE SE CONSTITUI A PARTIR DA TERRA

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Publicado em 12 de julho de 2013

Resumo

Nosso trabalho tem por objetivo apresentar as relações entre terra e literatura no contexto da literatura de autoria indígena. A Constituição Brasileira de 1988 oficializou a existência das línguas e das escolas indígenas no Brasil e garantiu aos índios o direito a uma educação diferenciada. Dessa forma, muitos indígenas (formados ou não) começaram a atuar como professores nas escolas das aldeias, exercendo papel fundamental nesse novo processo de ensino-aprendizagem. Muitas tribos passaram a construir a representação escrita de seus idiomas e a aprender a leitura e escrita da Língua Portuguesa. Diante da necessidade de um material didático também diferenciado, os professores indígenas iniciaram a confecção de seus próprios livros, incialmente apenas com função pedagógica. Esse material, resultado de uma nova prática escritural, passou a ser publicado e utilizado não apenas nas escolas, mas por toda a aldeia e também fora dela, pelos “não índios”. Os “livros da floresta” – como são chamados os livros de autoria indígena no Brasil – começaram a ser publicados e distribuídos, com auxílio de programas do governo ou a partir de projetos de universidades e editoras particulares. Configurava-se, desta maneira, a literatura de autoria indígena no Brasil. O índio deixa de ser objeto da literatura para ser sujeito dela, expressando seus costumes, formas de pensar e enxergar o mundo e a realidade. Hoje, muitos são os autores índios em nosso país e muitos são os livros publicados, apesar de ainda serem tão pouco estudados, valorizados e difundidos. A principal característica desta “recente” literatura é sua intrínseca ligação com a terra. Para refletir sobre essa relação, recorremos aos estudos da professora mineira, Maria Inês de Almeida, que, por sua vez, tem seguido os ensinamentos contidos na obra da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008), principalmente no que diz respeito ao conceito de uma “estética orgânica”, através da qual as textualidades indígenas poderiam ser melhor compreendidas. Para Almeida, a obra de Llansol traz uma poética capaz de abrir o caminho para as poéticas indígenas. A ideia da autora portuguesa de que nós somos “vivos no meio dos vivos” – ou seja, de que os seres humanos não se relacionam organicamente apenas entre si – muito se aproxima da visão de mundo ameríndia. Sendo assim, apenas uma “nova estética”, a Orgânica, seria capaz de abarcar eficientemente esses textos. A prática escritural e literária indígena encaixa-se numa nova poética que Almeida chama de “terriverbivocovisual”, ou seja, uma poética que inter-relaciona as dimensões terrena, verbal, sonora e visual. “A grande diferença entre a escrita ‘ocidental’ e a escrita dos índios é que, para estes, o corpo da escrita, o nosso corpo, e o corpo da terra, se integram, multiplicadamente” (Maria Inês de Almeida). É na terra, da terra e para a terra que se constitui a literatura indígena, numa relação profunda e mágica.

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