Resumo: A síndrome feto fetal é uma patologia grave, exclusiva das gestações gemelares monocoriônicas, resultado de uma incompatibilidade na angioarquitetura entre gêmeos, onde o gêmeo receptor recebe um excesso de volume sanguíneo, enquanto o suprimento de sangue para o gêmeo doador é diminuído. Ocorre em aproximadamente 10% de todos os gêmeos monocoriônicos, e o desequilíbrio no fluxo sanguíneo entre doador e receptor resulta em hipovolemia e redução do volume de líquido amniótico (oligoidrâmnio) no doador e hipervolemia, além do aumento na quantidade de líquido amniótico (polidrâmnio) no gêmeo receptor. O doador poderá ter retardo do crescimento intra-uterino, anemia e o receptor pode ser policitêmico, ou seja, ambos podem apresentar complicações. O presente relato de caso objetiva demonstrar a importância da intervenção fisioterapêutica precoce no acompanhamento de uma criança gemelar com Síndrome de Transfusão feto-fetal que nasceu prematura (IG=32sem). O tratamento foi iniciado aos três meses de vida (idade corrigida de um mês), através de duas sessões semanais de tratamento, com duração média de 50 minutos, no setor de Pediatria da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba. A proposta terapêutica foi baseada no Conceito Neuroevolutivo Bobath, no Método Samarão Brandão e na Ludoterapia, com orientações para continuidade da estimulação em domicílio. Apesar da intervenção ter início bastante precoce, a criança atingiu todos os marcos do desenvolvimento com certo atraso, desenvolvendo a marcha aos 2 anos de idade e atualmente, com três anos e meio, apresenta leve incoordenação motora e dificuldades na linguagem. A irmã receptora também recebeu acompanhamento, porém apresentou desenvolvimento normal e em tempo hábil. Apesar do atraso nas aquisições do desenvolvimento e ainda existir algum desvio, consideramos ter havido excelente resposta ao tratamento instituído e ressaltamos a importância da intervenção precoce para a estimulação do desenvolvimento em crianças consideradas de risco.