A epigenética abrange uma área de estudo relacionada ao controle da expressão dos genes por meio de modificações químicas adicionadas ao material genético. Este controle epigenético ocorre na forma de modificações químicas, as principais conhecidas sendo metilação, desmetilação e acetilação, tendo como substrato tanto o DNA como as histonas (proteínas constituintes da cromatina). As modificações epigenéticas constituem a interface entre o ambiente e o material genético, sendo fundamentais para o funcionamento normal de células e tecidos. Um aspecto crucial é que as modificações epigenéticas não são marcas fixas, mas sim reversíveis, podendo, portanto, ocasionar mudanças contínuas no estado de expressão dos genes ao longo da vida de um organismo. Em decorrência do papel central das marcas epigenéticas para a expressão adequada dos genes, alterações no controle epigenético também podem levar a doenças, incluindo o câncer. Este artigo busca descrever a relação entre alterações epigenéticas e desenvolvimento de câncer, baseando-se na apresentação de conceitos básicos de epigenética e na revisão do mecanismo relacionado a câncer. As modificações epigenéticas podem promover ou inibir a transcrição gênica, ocasionando por exemplo o silenciamento de genes supressores de tumores (como o TP53), contribuindo para o surgimento de células com potencial neoplásico. Este trabalho apresenta as evidências da importância de mecanismos epigenéticos para a gênese do câncer, em especial a inativação de genes supressores tumorais, indicando que o entendimento destes mecanismos pode contribuir para o desenvolvimento de novas formas de tratamento.