A medida que crescemos as pessoas vão, de certa forma, “podando” a capacidade de nos impressionarmos com os fenômenos que nos rodeiam, quando chegamos na escola, por exemplo, ambiente que deveria favorecer a manutenção dessa natureza investigativa e exploratória dos/das humanos/as, presenciamos uma verdadeira castração cognitiva, havendo até quem condene as perguntas feitas pelos/as alunos/a ou as tratem como interrupções desnecessárias à aula. Mas, a construção de conhecimentos concernentes a qualquer área não deve fugir de suas bases, então, se a ciência tem em suas raízes os questionamentos, por que não valorizarmos o fato de nossos/as estudantes se questionarem acerca do mundo e das informações que lhes são fornecidas? Por que não utilizar-se desse conhecimento de mundo e das concepções trazidas por eles/as no processo de ensino-aprendizagem, assim como aponta David Ausubel na teoria da aprendizagem significativa? Nessa perspectiva, apresentamos um relato de experiência acerca de uma metodologia utilizada para introduzir conceitos referentes à queda dos corpos, a partir da investigação das concepções prévias dos/das aluno/as por meio do contato com situações-problema. O presente relato tem caráter qualitativo e o trabalho foi realizado com quarenta estudantes do 9º ano do ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Moisés Coelho, localizada na cidade de Cajazeiras – PB, contemplando uma das ações do Subprojeto de Física vinculado ao Programa de Bolsa de Iniciação à Docência do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande (PIBID/CFP/UFCG) na referida escola. Buscamos estimulá-los/as a explorar o ambiente por meio de simples experimentos, esses, por sua vez, resumiam-se a largar ou lançar corpos com áreas, formas, massas e materiais ora iguais, ora semelhantes, com o intuito que eles/as observassem e formulassem explicações para os resultados obtidos. Um dos maiores desafios foi desconstruir o ideal de professor/a trazido por os/as estudantes, os/as quais, geralmente, esperam um/a docente que comande todo o processo de ensino, Além disso, foi observado que todos os grupos apresentaram uma preocupação constante em estarem certos ou não diante de suas formulações, muitos/as se mostraram, inclusive, resistentes à realização das atividades, pois essas vão de encontro as metodologias tradicionais com as quais estão mais familiarizados/as. Quanto ao conteúdo, os/as discentes apresentaram uma notável diferença de grau conceitual entre os grupos, sendo que muitos assumiram não ser possível a existência de uma queda livre, pensamento esse presente, também, na teoria aristotélica a qual perdurou-se por séculos. Concluímos que metodologias como a apresentada são de extrema relevância por trazerem, além de sua potencialidade para motivar à busca por novos conhecimentos, prováveis benefícios para ambos os lados existentes no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, vale ressaltar a importância da existência de projetos como o PIBID, que sejam capazes de apoiar os/as professores/as e/ou futuros professores/as na execução de novas posturas docentes em meio a atual forma de ensino, levando-os/as a levantarem reflexões acerca de suas práticas.