Periquillo Sarniento, primeira novela hispano-americana e de caráter picaresca, publicada no início do século XIX, teve como intuito ser veículo de denúncia contra os abusos políticos, religiosos e sociais pelos quais passava a sociedade mexicana, buscando instigá-la a lutar por melhoria e sanar seus males, além do objetivo principal de lograr a independência daquele país. No entanto, ao ver do autor, José Joaquín Fernández de Lizardi, isso apenas seria logrado com uma sociedade educada e, para isso, eram necessárias diversas modificações na nesta educação. Assim, essa pesquisa teve como objetivos: reconstituir a sociedade mexicana na obra de Periquillo Sarniento; analisar a influência da educação nesta sociedade e iluminista expressa na obra pesquisada. A metodologia qualitativa, constituiu-se da análise de discurso dos tomos I, II, III e IV da obra “Periquillo Sarniento” de autoria de Lizardi. O referencial teórico contou com os aportes críticos de García (2016), Mayoral (2013) e Ramírez (2016), entre outros; e reflexivos sobre educação e sociedade, de Freire (1987) e Durkeim (1985) . Os resultados apontam uma sociedade ainda presa ao pensamento colonial e à ignorância, que infligiam em forte violência na qual se constava: abusos de autoridade, corrupção e outros descasos cometidos por funcionários; os indivíduos eram passivos e havia uma forte segregação entre espanhóis, criollos (descendentes de espanhóis), índios e negros, que era alimentada por uma precária educação. A forte influência iluminista na obra é demonstrada por sua escrita com teor moralizante e constante quando se demostra os erros na educação e como isso infligia na sociedade, principalmente pela falta de autonomia do ser que gerava diversos males sociais, inclusive o desenvolvimento de pícaros-personagem genérico de romances urbanos, normalmente uma criança forçada por circunstâncias adversas a sobreviver na rua utilizando de malandragens ou enganações.