Artigo Anais IV CONEDU

ANAIS de Evento

ISSN: 2358-8829

EDUCAÇÃO EM/PARA DIREITOS HUMANOS: PARADOXOS E DESAFIOS DA ESCOLA NO ESPAÇO PRISIONAL

Palavra-chaves: EDUCAÇÃO EM/PARA DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO ESCOLAR, ESPAÇO PRISIONAL Comunicação Oral (CO) GT 11 - Inclusão, Direitos Humanos e Interculturalidade
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Publicado em 19 de dezembro de 2017

Resumo

Em decorrência de diversas lutas políticas e sociais, conquistas relacionadas aos Direitos Humanos tem sido alcançada em termos normativos. Apesar destes avanços, parte significativa da população ainda tem seus direitos negados, sofrendo com falta de condições básicas de vida, tais como acesso à saúde, alimentação, água potável e moradia. Ou seja, esse reconhecimento legal, infelizmente, não é garantia de que tais direitos não serão negados nas práticas sociais. Portanto, não basta que haja o reconhecimento legal destes direitos, é necessário que nos eduquemos para eles, para que possamos aprender a exigi-los e compreende-los não apenas como nosso, mas também do outro. Nesse contexto, o espaço escolar se apresenta como elemento fundamental. Além da luta pela garantia do direito humano ao acesso à educação escolar, se faz necessário também que as escolas se comprometam com uma educação em/para os Direitos Humanos. É importante destacar que o direito ao acesso à educação e esse pensar a educação em/para os Direitos Humanos nos espaços escolares apresentam desafios ainda maiores quando analisados a partir da realidade das unidades prisionais. A presença de educação nas prisões, além da garantia de um Direito Humano, afirma a valorização do desenvolvimento humano e da busca permanente de cada indivíduo em ser mais, constituindo-se como uma possibilidade de intervenção positiva nesta realidade em que prevalece a desumanização. Entretanto, ela ainda é vista por parcela da sociedade livre como premiação ao comportamento criminoso, constituindo-se como benefício e privilégio. Diante desse contexto, este artigo faz uma reflexão sobre os paradoxos e desafios da educação em/para Direitos Humanos nas escolas nos espaços prisionais, tendo como suporte as vozes de homens aprisionados que vivenciaram experiências escolares dentro da prisão. Com base nessas vozes, percebe-se que os(as) professores(as) exercem função primordial na formação e motivação dos alunos, uma vez que neste contexto consideram que praticamente não há outras figuras que os estimulem em relação à formação escolar. Fica evidente que eles não reconhecem os demais funcionários da unidade como agentes educativos. Apontam que há professores que incorporam o discurso opressor da unidade em suas práticas educativas, o que denuncia a necessidade urgente da formação (inicial e/ou continuada) de professores se atentarem para as peculiaridades do contexto prisional. As falas dos colaboradores escancaram que são grandes os desafios postos para a educação em/para Direitos Humanos no contexto prisional, pois mais do que direitos garantidos por lei, é necessária uma ruptura com as regras que vigoram na cultura prisional, permitindo diluir o medo de que a manifestação crítica e sincera seja alvo de perseguição e punição. Fazer das prisões espaços de possibilidade da educação em/para Direitos Humanos é uma transformação que deve ser produzida em diálogo com as pessoas que habitam temporariamente estes espaços e com todas as pessoas vinculadas a essa instituição. Nesse processo, é necessário compreender o funcionamento das prisões, sua função social e não perder de vista que antes de qualquer ato criminoso existe um ser humano histórico detentor de deveres, mas também de direitos.

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