Diariamente realizamos adaptações na marcha para transpor obstáculos e atravessar terrenos irregulares. Para tanto podemos utilizar de duas estratégias: evitar e acomodar. Na primeira, os indivíduos podem evitar áreas, pessoas e objetos que estejam no caminho da locomoção que possam vir a perturbar a marcha, ou ainda parar a locomoção, bem como ultrapassá-los quando possível. A segunda requer ajustes nos sistemas efetores para se adequarem ao ambiente. Nessas estratégias a principal fonte de informação sensorial é oriunda do sistema visual. Além disso, a escala corporal do indivíduo é uma importante fonte de informação que permite decidir sobre evitar uma superfície ou acomodar-se a ela. Nosso objetivo foi identificar o ponto de transição entre as estratégias de evitar e acomodar e relacionar o mesmo com a escala corporal de idosos utilizando a percepção visual. Participaram do estudo 10 idosos (idade: 77,4±5,3 anos | massa corporal: 64±10,9 kg | estatura: 1,56±6,9 m). O experimento consistia no indivíduo olhar para um buraco e responder para o avaliador se colocaria o pé no buraco ou evitaria o mesmo na tentativa de manter a locomoção e com qual pé eles prefeririam pisar dentro do buraco. O buraco estava posicionado a uma distância do comprimento de um passo de cada indivíduo e tinha 13 cm de profundidade, 60 cm de largura e o comprimento era modificado em oito tamanhos diferentes: 60 cm, 54 cm, 48 cm, 42 cm, 36 cm, 30 cm, 24 cm e 18 cm. As médias das medidas do membro inferior dominante dos idosos foram: 24,54 cm (comprimento do pé), 84,5 cm (comprimento real do membro inferior) 82,4 cm (comprimento do trocanter maior do fêmur ao chão). A partir de 33,54 cm de comprimento do buraco, os idosos responderam em 50% das vezes que preferiam pisar dentro do buraco (Figura 1). Além disso, analisando a relação da escala métrica corporal do pé com o ponto crítico, foi revelado que a partir do comprimento do buraco ser 1,36 o tamanho do comprimento do pé, 0,397 do comprimento real do membro inferior e 0,407 do comprimento do trocanter-chão os idosos responderam em 50% das vezes que pisariam dentro do buraco. Os idosos preferiam evitar o buraco quando o mesmo possuiu um comprimento menor do que 33,54 cm que equivale ao comprimento menor que 1,3 o comprimento do próprio pé.