Introdução: O processo de envelhecimento humano traz modificações na qualidade de vida dos idosos, principalmente na capacidade funcional entendida como a habilidade do indivíduo em desempenhar, de forma independente, as atividades ou tarefas cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. O estudo objetivou analisar o desempenho quanto aos aspectos relacionados à capacidade funcional de idosos participantes de grupos de convivência na realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa, desenvolvido com 111 idosos integrantes de um grupo de convivência, realizado no período de março a maio de 2011. A coleta de dados se deu por meio de uma entrevista com os idosos, onde foram utilizados um questionário com informações sócio demográficas, além das escalas de Katz e de Lawton para avaliação das Atividades da vida diária e instrumental, respectivamente. Os critérios de inclusão da amostra foram dos participantes terem idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, apresentar bom estado geral e não apresentar limitações mentais e/ou dificuldades de audição e fala, estar apto a responder as perguntas formuladas e aceitar participar do estudo voluntariamente, preenchendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Em caso de impossibilidade de fazê-lo, o mesmo deveria preencher o espaço reservado para impressão datiloscópica. A coleta de dados foi realizada no período de março a maio de 2011, por meio de entrevista estruturada com perguntas abertas e fechadas, composta pelos seguintes instrumentos: um questionário para a caracterização epidemiológica e demográfica dos idosos, contendo variáveis sociais e de saúde e instrumentos para avaliação da capacidade funcional como a escala de Katz e A escala de Lawton. A escala de Katz avalia a independência no desempenho de seis funções: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferência, continência e alimentação, através das quais os idosos são classificados em dependentes ou independentes. Adotou-se o seguinte padrão para a analise de resultados do Katz: A – independente para todas as atividades; B – independente para todas as atividades menos uma; C – independente para todas as atividades menos banho e mais uma adicional; D – independente para todas as atividades menos banho, vestir-se e mais uma adicional; E - independente para todas as atividades menos banho, vestir-se, ir ao banheiro e mais uma adicional; F - independente para todas as atividades menos banho, vestir-se, ir ao banheiro, transferência; G - dependente para todas as atividades; Outro - dependente em pelo menos duas funções, mas que não se classificasse em C,D,E ou F. A escala de Lawton avalia o desempenho funcional do idoso quanto a ser ou não capaz de manter uma vida independente de acordo com nove funções: preparo das refeições, auto-administração de remédios, realização de compras, controle financeiro, uso do telefone, arrumação da casa, lavagem da própria roupa, realização de pequenos trabalhos domésticos e deslocamento de casa para lugares mais distantes sozinho. Para cada questão avaliada na escala de Lawton, existe a possibilidade de 3 respostas: 1 – sem ajuda; 2 – com ajuda parcial; 3 – incapaz de fazer, sendo a pontuação máxima obtida igual a 27 pontos. Os idosos que obtiveram 9 pontos foram classificados como independentes, de 10 a 18 pontos moderadamente dependente e de 19 a 27 pontos dependentes. As entrevistas foram realizadas nos locais de reunião dos grupos de convivência, após agendamento prévio, de forma a não interferir nas atividades programadas para aquele dia. Na impossibilidade de realização, os pesquisadores dirigiram-se à residência dos idosos. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio grande do Norte, sob o parecer número 045/2011. Todo o processo de condução levou em consideração os preceitos éticos estabelecidos pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).Resultados: A predominância dos sujeitos incluídos no estudo foi do sexo feminino (74,77%), idade média de 70,7 e desvio padrão ±8,77 anos. A maioria dos idosos (52,25) era casada com uma renda predominante de um salário mínimo (53,15%) e o mesmo percentual de idosos tinha de 1 a 3 dependentes. 87,39% dos idosos informou não praticar nenhum tipo de atividade física e 54,95% eram hipertensos. Na avaliação da aplicação da Escala de Katz, observou-se que 88,28% foram classificados como independentes para todas AVD e com a escala de Lawton 27,92%. Conclusão: Ao identificar a maioria dos idosos como independente (Katz) e moderadamente dependente (Lawton), depreende-se que os centros de convivência constituem-se como espaços relevantes no contexto da saúde do idoso. Esse perfil social e epidemiológico indica que os grupos de convivência de idosos podem ser importantes veículos para que as ações de saúde atinjam um número significativo de idosos. Essa caracterização deve ser considerada na programação e implementação das medidas de saúde e geração de renda para idosos da comunidade, e para a adequação desses locais para que possam não só atender aos participantes, mas também a outros idosos que poderão se beneficiar de suas atividades.