INTRODUÇÃO: O ritmo acelerado do processo de transição demográfica vivido pelo Brasil nas últimas décadas traz uma série de questões cruciais para gestores e pesquisadores dos sistemas de saúde, com repercussões para a sociedade como um todo, visto que o país apresenta sua população envelhecendo em curto prazo, o que dificulta que as modificações para a atenção aos idosos sejam estabelecidas paralelamente ao envelhecimento populacional. O processo de envelhecimento está associado a uma maior probabilidade de acometimento por doenças crônicas não transmissíveis, em virtude das alterações decorrentes deste processo, as quais podem acontecer em nível molecular, morfofisiológico ou funcional. Sendo assim, o conhecimento da morbidade e das causas de morte nos idosos é de fundamental importância para o planejamento de estratégias visando a promoção e a recuperação da saúde e a profilaxia de doenças. OBJETIVO. Verificar a prevalência das morbidades referidas por idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família do município de Campina Grande/PB. METODOLOGIA. Este estudo é de base domiciliar, do tipo transversal, com coleta de dados primários, constituído por idosos (60 anos ou mais), de ambos os sexos, cadastrados na Estratégia Saúde da Família de Campina Grande. A coleta dos dados foi realizada por duplas de entrevistadores, os quais foram devidamente treinados. As variáveis de estudo foram sócio-demográficas e morbidade referida. Os dados sócio-demográficos incluem informações sobre sexo, grupo etário, escolaridade e estado civil. Para obtenção da informação sobre a morbidade referida, o entrevistado respondeu à seguinte pergunta: Um médico ou outro profissional da saúde lhe disse que tem determinada doença? As respostas se limitaram a oito condições crônicas: pressão alta, artrite/artrose/reumatismo, problema cardíaco, diabetes, osteoporose, doença crônica pulmonar, embolia/derrame e tumor maligno. As informações estatísticas foram obtidas com o auxílio do aplicativo estatístico SPSS 17.0. Em todas as análises foi utilizado o nível de significância alfa < 5%. RESULTADOS. Foram entrevistados 141 idosos (56,1% mulheres). A média etária foi 71,3 anos (DP=9,3). A maioria dos idosos (52,5%) encontrava-se na faixa etária de 60 a 69 anos. Em relação à escolaridade, a maior parte da população (39,7%) referiu ter de 1 a 4 anos de estudo e 38,3% eram analfabetos. Sobre o estado civil, 55,3% dos idosos eram casados. Em relação às morbidades referidas, a pressão alta apresentou maior prevalência entre os idosos (68,1%), seguida pela artrite/artrose/reumatismo (38,7%). O problema cardíaco foi apontado por 24,3 % dos idosos, seguido de outras morbidades como diabetes (19%), osteoporose (18,4%), embolia/derrame (10,8%), doença crônica pulmonar (8%) e tumor maligno (4,3%). CONCLUSÃO. Entre os idosos estudados, observou-se que as doenças crônicas não transmissíveis mais referidas foram a hipertensão arterial e as doenças osteoarticulares (artrite/artrose/reumatismo) e que todas as morbidades referidas apresentaram associação estatisticamente significativa com sexo. Diante disso, o conhecimento das necessidades de atenção dessa população, ajudará os gestores no desenvolvimento de ações de promoção e prevenção de saúde que visem contribuir para a qualidade de vida de quem está envelhecendo.