Diante dos mais diversos pathos atuais (adicções, dismorfias, compulsões, entre outros), destaca-se
àquele que se enovela nas redes do amor - sentimento ambivalente, puro e legítimo, que, em excesso ou falta
demasiada, transforma o ser humano. Faz-nos sentir sublimes como também é capaz de nos levar a uma
cadeia compulsiva de sofrimento e dor. O sentimento do amor, na forma de pathos, destrói, dilacera, corrói.
Nesse pathos, a ausência de amor por si mesmo, vivido de modo masoquista, conduz o sujeito a experienciar
angústias e ansiedades destrutivas. Por outro aspecto, a dor de amar também nos confronta com o amor
agregador e estruturante. O pathos no/do amor intriga o poeta, o escritor, o artista, o homem normal, mas não
passivo de sentir amor ou/e sua dor. Referimo-nos àquela dor que nem sempre nos parece como dor,
inobstante mantenha laços estreitos com o gozo. Assim, pretendemos investigar, a partir do texto fílmico “O
Amor nos tempos do cólera”, adaptação do livro, de mesmo nome, do renomado escritor colombiano Gabriel
Garcia Marques, as vicissitudes do amor em relação ao tempo. Como arcabouço teórico, recorreremos aos
estudos freudianos, bem como aos desenvolvidos por Lacan e psicanalistas modernos como Jacques Alan
Miller.