O avanço da longevidade na população brasileira implica na necessidade de desenvolver políticas públicas direcionadas a este público. As modificações fisiológicas e anatômicas que ocorrem no processo natural de envelhecimento, como alterações no metabolismo, mudanças na composição corporal, e a progressiva perda da capacidade funcional do idoso, influenciam diretamente no seu estado nutricional, que por sua vez é sensível á vários fatores sejam eles de ordem emocional, fisiológica ou e social, podendo interferir no apetite, na mastigação ou deglutição. Este estudo transversal quantitativo tem como objetivo caracterizar o estado nutricional e a saúde bucal de um grupo de idosos, através da aplicação de um questionário, incluindo a autopercepção das condições da saúde bucal, e de uma avaliação antropométrica, aferindo as seguintes medidas: altura (m), peso (kg), circunferência da cintura (cm), e circunferência da panturrilha (cm). Foram avaliados 29 idosos, sendo a maioria do sexo feminino (69%) com idade entre 71 e 75 anos, dos quais 75,86% possuem alguma doença, sendo mais prevalente a hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. Quanto á saúde bucal, 58,62% possui dentição incompleta e utilizam prótese dentária, dentre estes 55,17% consideraram as próteses em condições regulares de uso, afirmando ainda que o uso da prótese atrapalha na alimentação, porém apenas um idoso relatou dificuldades de deglutir ou mastigar certos alimentos, os demais alegaram consumir uma dieta livre, sem modificações na consistência. Através dos dados antropométricos, verificou-se que mais da metade da amostra (54%) foram classificados com excesso de peso por apresentarem IMC superior a 27 kg/m2, como também exibem valores de circunferência da cintura superior ao recomendado, principalmente as mulheres. Já em relação á circunferência da panturrilha, 89% dos idosos foram classificados como adequados quanto aos valores de referência, mostrando um baixo índice para sarcopenia. Logo, conclui-se que a inadequação do estado nutricional desta população se dá pelo excesso de peso e o acúmulo de gordura na região central do corpo, elevando assim o risco para doenças crônicas não transmissíveis, comprometendo a qualidade de vida destes. Não foi possível estabelecer associação dos dados referentes á saúde bucal com o estado nutricional dos idosos, porém é válido salientar a importância deste dado como um indicador de uma boa ingestão e manutenção ou recuperação do estado nutricional. Contudo, os resultados obtidos destacam a relevância da caracterização do perfil dos idosos brasileiros, e da monitorização do estado nutricional destes através dos métodos de avaliação nutricional, a fim de formular e implementar intervenções no âmbito da saúde voltadas para este ciclo de vida.