INTRODUÇÃO: Compreende-se o envelhecer como uma etapa da vida do ser humano permeada por vulnerabilidades seja esta, intrínseca ou extrínseca, e dentre os fatores externos temos as intoxicações. A incidência de problemas associados ao uso irracional de fármacos configura-se como um desafio à saúde pública, responsáveis por intoxicações consideradas de grande importância médica. As notificações destacam a relevância da Toxicologia no Brasil, evidenciando a importância dos serviços especializados nesta área. Juntamente com o destacado papel dos medicamentos como agentes intoxicantes, aliam-se a este outras substâncias, tais como domissanitários, agrotóxicos, raticidas, drogas de abuso, produtos químicos industriais, plantas, alimentos, animais peçonhentos, entre outros. O presente estudo visou traçar o perfil epidemiológico e as principais classificações toxicológicas notificados nos atendimentos de informação a pacientes vítimas de intoxicação. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa com abordagem descritiva, quantitativa e retrospectiva, onde a fonte de dados utilizada foram fichas de ocorrência toxicológica dos casos de pessoas com idade igual e/ou superior a 55 anos, notificados no Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) de João Pessoa/PB no intervalo de 2009 a 2013. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram notificadas 46 ocorrências, em pessoas com idade variando de 55 a 89 anos, sendo a maior prevalência o sexo feminino, correspondendo a 64% e 36% em idosos do sexo masculino, respectivamente. Ocorridos em agricultores e aposentados, correspondendo 13% simultaneamente. 67% dos casos foram por intoxicação acidental, 26% por exposição indevida e 7% por Reação Adversa a Medicamentos (RAMs). Evidenciou-se a ocorrência de casos nas residências (74%), os demais foram notificados em hospitais (4%), no ambiente de trabalho (2%), ambiente externo (9%) e ignorado (11%). As vias mais frequentes foram: 60% por via oral, 20% por via cutânea, 12% por via respiratória, 6% por via ocular e 2% por via parenteral. Nenhum dos casos notificados constou óbito em seus registros. É importante destacar que em 78% das Fichas de Ocorrência nenhuma conduta foi realizada antes da procura pelo serviço de informação, em 11% as condutas mais realizadas foram o uso de demulcentes. As causas mais frequentes foram intoxicações por raticidas (22%), medicamentos (20%), produtos químicos (18%), agrotóxicos (16%), domissanitários (13%), plantas tóxicas (7%) e produtos veterinários (4%). CONCLUSÃO: Constatou-se que as intoxicações nos idosos ocorrem geralmente em nível de residência, onde a intoxicação por medicamentos, domissanitários, agrotóxicos e raticidas foram os principais agravos de morbidade. Conclui-se que algumas medidas são necessárias a fim de prevenir tais situações, dando ênfase aos múltiplos medicamentos utilizados pelos mesmos, e orientação para a utilização correta de produtos, onde cabe ao profissional de saúde que atende o público geriátrico ter conhecimento suficiente no que tange as alterações orgânicas inerentes ao envelhecimento, orientar os cuidadores, bem como os próprios idosos. A partir dos resultados obtidos destaca-se a exitosa contribuição social dos serviços especializados de informações em Toxicologia no atendimento aos casos de intoxicação por substâncias e a realização de pesquisas desta natureza em diferentes faixas etárias sobre os inúmeros eventos toxicológicos.