Este texto resulta da sistematização das minhas interlocuções com discentes do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, no período de 2014 a 2016, na orientação dos estágios supervisionados, no que tange ao trabalho pedagógico com as sexualidades e gêneros nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Na discussão apresentada, focalizo o eixo “práticas pedagógicas” cujo propósito é debater o fazer docente em articulação ao projeto pedagógico da escola. Com este objetivo são elencados os documentos (projeto pedagógico, planos de aula) e rotinas a serem observados e analisados, a partir dos quais busca-se evidenciar as discussões que se referem à incorporação das sexualidades e gêneros no trabalho pedagógico. Os apontamentos das análises realizadas evidenciam que, no cotidiano da escola, ainda sobressaem as concepções biologizantes e heteronormativas que reafirmam, quase exclusivamente, as possibilidades heterossexuais e cisgêneras na construção das identidades de gênero e sexuais via currículo escolar. Penso que as constatações deste trabalho poderão fomentar discussões necessárias e urgentes sobre as formas como a escola tem se organizado para lidar com esse “sujeito integral” que perpassa os discursos pedagógicos atuais, sobremaneira, quando estão em pauta as identidades que não se enquadram nos padrões socialmente legitimados.